Audiência mobiliza movimento Pró-Cotas em SP

Acontece nesta terça-feira, 5, às 19h, audiência na Câmara Municipal de São Paulo para debater a proposta de cotas, feita pelo governo do Estado, para o ingresso de estudantes negros nas universidades públicas paulistas.

Mais que um debate, no entanto, a atividade servirá para retomar a mobilização e reafirmar a ausência de diálogo do poder público com os movimentos que resultou em uma proposta claramente equivocada.

De acordo com o conselheiro da União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro), Douglas Belchior, a audiência é uma resposta à postura "intransigente" do governo Alckmin, em não debater as cotas.

“Existe um histórico de tentativas de diálogo e permanente negativa dos governos do PSDB, em São Paulo, em discutir cotas. A mesma coisa ocorre em relação às reitorias e aos conselhos das universidades estaduais. Tudo que foi feito em relação a isso, pelas universidades, foram apenas subterfúgios”, protestou Belchior.

O programa de cotas do governo do Estado propõe um curso semipresencial de dois anos para quem vem de escola pública. Só após completar o segundo ano com, no mínimo, 7 de média é que o estudante teria o direito de ingressar em uma das três universidades públicas paulistas.

“São propostas bem elaboradas mas que trazem no fundo um preconceito. Com mais de dez anos da implementação das cotas federais, pesquisas, inclusive do IPEA, mostram que os cotistas tiram tão boas notas quanto aqueles que entraram pelo vestibular tradicional. O cotista se supera”, argumentou Douglas em recente entrevista ao Vermelho São Paulo.

A deputada Estadual Leci Brandão (PCdoB) também vê no preconceito a justificativa para segurar tanto uma proposta que promova a inclusão da comunidade afrodescendente .
“Estou fazendo 38 anos de carreira esse ano. Sempre falei no palco da inclusão dos jovens negros nas universidades. Só assim teremos negros no poder e em um patamar que discutam as principais questões brasileiras”, afirmou Leci ao programa Jornal Brasil Atual.

No final do ano passado a Frente Pró-cotas do Estado de São Paulo, uma das realizadoras da audiência pública, lançou um manifesto criticando o programa estadual. Constam no manifesto reivindicações que foram dirigidas ao governador, reitores e deputados estaduais. Entre elas está a aprovação do Projeto de Lei 530/04 que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) há mais de 8 anos.

Participam da plenária nesta terça os professores Silvio Almeida, do Instituto Luis Gama, e Dennis de Oliveira, do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro da USP; o presidente do Conselho da Comunidade Negra de São Paulo, Joel Zito; o coordenador de juventude da Prefeitura de São Paulo, Gabriel Medina, vereador Toninho Vespoli (PSOL) e os deputados estaduais Marcolino, Adriano Diogo e Alencar , do PT, Leci Brandão, do PCdoB, e Carlos Gianazzi , do Psol.

Audiência Pública sobre Cotas para as Universidades Públicas Paulistas

Dia 5 de janeiro

Hora 19h

Local
Câmara Municipal de São Paulo (auditório Sérgio Vieira de Mello. 1º subsolo Sala A)

Da Redação com informações do Jornal Brasil Atual