Departamento anticorrupção investiga Partido Popular espanhol
O Ministério Público da Espanha abriu um inquérito sobre pagamentos irregulares a dirigentes do Partido Popular (PP), incluindo o primeiro ministro Mariano Rajoy. Luis Bárcenas, ex-tesoureiro do PP investigado por corrupção, diz que o caderno onde foram apontados esses pagamentos é falso.
Publicado 07/02/2013 12:23
O departamento anticorrupção do Ministério Público espanhol já solicitou às autoridades tributárias espanholas o envio de toda a contabilidade do Partido Popular (PP) a partir do ano 2000, no âmbito de uma investigação lançada após a denúncia de alegados pagamentos clandestinos a dirigentes partidários e financiamentos irregulares de empresas imobiliárias e de construção civil.
De acordo com o jornal El País, que publicou na quinta-feira passada (31 de janeiro) extratos do que parece ser um registro de contabilidade paralela do ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas, investigado há anos em outro processo, o departamento anticorrupção vai verificar a proveniência de todas as entradas e o destino de todas as saídas de dinheiro registradas nas contas do partido. Além das declarações remetidas ao fisco, também serão investigados os documentos submetidos ao Tribunal de Contas pela formação política atualmente no poder.
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Em causa poderá estar o incumprimento da lei de financiamento dos partidos políticos, que determina um limite máximo de 60 mil euros anuais para donativos de um contribuinte privado e que, segundo os cadernos publicados, terá sido várias vezes ultrapassado. Também se vai aferir se existe alguma causalidade entre os donativos entregues ao PP e a adjudicação de obras públicas às empresas em causa.
Fontes ligadas à investigação disseram a El País que, a confirmarem-se os alegados pagamentos periódicos a todos os secretários, vice-secretários e outros membros da cúpula política do PP que estão vertidos nos cadernos da contabilidade paralela do partido, poderá haver lugar a acusações por delito fiscal se os valores em causa ultrapassarem os 120 mil euros.
Os investigadores pretendem confrontar o ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, responsável pela gestão das contas do partido entre 1990 e 2009, quando foi afastado por envolvimento num escândalo de fraude fiscal, financiamento ilegal e corrupção conhecido como a “trama Gürtel”, que envolveu muitos dirigentes do PP e empresas.
Fonte: Público.pt