Ívina Carla: O que houve com a polícia cidadã?

Por * Ívina Carla

A semana que passou foi repleta de notícias tristes, entre elas, acompanhei as repercussões sobre o lamentável episódio ocorrido no bairro Ellery. Vidas e sonhos interrompidos de forma tão irresponsável e banal. Infelizmente, cenas de intolerância profissional estão ficando corriqueiras, despertando indignação da sociedade.

Diante do momento, é preciso uma reflexão sobre o tema segurança, levando em consideração os fatores que estão associados à questão; e ponderando as inúmeras formas que podem contribuir para manter a cidade tranquila, como a garantia das políticas públicas em todos os espaços sociais.

O que aconteceu no bairro Ellery faz parte de uma série de tragédias anunciadas que a cada dia tomam conta de Fortaleza. As disputas territoriais são crescentes devido ao tráfico de drogas, à desigualdade e à divisão social/econômica da cidade. Quando surgem fatalidades desse tipo, uma medida paliativa é imediatamente pensada, ou então é mais cômodo culpar outrem do que tratar o problema na raiz.

O envolvimento do Ronda do Quarteirão em situações como a do Ellery, além de investigação, sugere um aprofundamento sobre a concepção do papel do programa. No início, a criação da polícia comunitária minimizou a sensação de desproteção da população. No entanto, percebe-se que o Ronda anda se distanciando da sua característica principal, demonstrando claramente fragilidade de comando. Então abre-se um questionamento: o que está acontecendo com a polícia cidadã?

Uma das formas de responder a indagação é o Governo do Estado realizar uma consulta popular, para verificar a opinião dos cearenses com relação ao programa Ronda do Quarteirão. Junto a isso, também é imprescindível repensar formas de melhorar a segurança, com participação social, afinal, o tema foi um dos mais questionados pelos cidadãos nas últimas eleições.

Portanto, descentralizar o debate e repensar os mecanismos, transversalizando o tema, são medidas urgentes para trilhar outro caminho. E quem sabe assim possamos sair da cultura do medo que impera na nossa cidade.

*Ívina Carla é Jornalista

Fonte: O Povo

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