Relação de bancos com indústria militar em foco na Espanha

O Centro Delàs de Estudos para Paz de Barcelona, na Catalunha (Espanha), publicou nesta segunda-feira (04) uma petição para que apoiadores deem suas ações nos bancos Santander e BBVA, entre os maiores do mundo, ao representante da sua campanha “Banca Armada”, que denuncia a participação dos bancos no Complexo Industrial-Militar.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

O centro de estudos tem um largo histórico de ativismo contra os gastos militares não só do Estado espanhol, mas em todo o mundo, e realiza relatórios periódicos para chamar a atenção ao aumento constante desses gastos em detrimento dos gastos sociais. Em contexto de crise financeira e econômica, ainda, o centro tem intensificado suas campanhas.

Em sua página, explica a campanha “Banca Armada”, que pressupõe protestos importantes por parte de representantes nas Reuniões Gerais de Acionistas realizadas pelos maiores bancos espanhóis, o Santander e o BBVA.

“Nosso objetivo é o de denunciar ante aos meios de comunicação e todos os acionistas presentes [na reunião] os investimentos do Banco Santander e do BBVA na indústria armamentista”, explica, no comunicado em que pede a doação de ações para que sua presença e espaço na reunião sejam garantidos e significativos.

O BBVA participa, atualmente, com quase 2 bilhões de euros em investimentos na indústria militar espanhola, enquanto o Santander participa com mais de 1 bilhão de euros. A lista em que o Centro Delàs explora esses números conta ainda a trajetória de mais 19 bancos na indústria armamentista.

A instituição tem outras campanhas que se dedicam à denúncia dos investimentos em bombas de racimo, proibidas em 2010 pelo Tratado de Oslo, mas cuja regulamentação ainda não entrou em vigor em forma de lei na Espanha.

A proibição inclui a produção, armazenamento e a distribuição dos materiais necessários à fabricação dessas bombas, mas o centro pretende ainda combater outro aspecto de fundo: o seu financiamento. “As entidades financeiras que operam na Espanha poderiam ainda estar ajudando a produção e venda de bombas de racimo em países que não assinaram o Tratado de Oslo, o que seria inaceitável no marco do próprio tratado”, explica em sua página.

A nível mundial, o espanhol BBVA está em sétimo lugar entre os maiores investidores na indústria armamentista, e sua contribuição fica em 4 bilhões de euros a menos que o principal investidor, o Grupo francês PNB Paribas. Este grupo está presente em mais de 80 países, tem ações em uma empresa militar espanhola e faz diversos tipos de empréstimos e investimentos em vários setores da indústria bélica, somados em 5,17 bilhões de euros.

O centro dedica-se a outras campanhas contra a militarização, e presta ainda assessoria a cidadãos espanhóis que queiram fazer objeção fiscal, negando-se a contribuir, através de suas declarações ou imposto de renda, com os gastos militares do Estado espanhol.