Casa do Programa Morar Bem não atende necessidades de cadeirante

Andar livremente pela casa, ter acesso a todos os cômodos e sentir o aconchego só encontrado no lar. Esse é o desejo da maioria das pessoas ao chegar em casa. Mas para o autônomo Jones Valdo Gonçalves, que é cadeirante, a realização desses pequenos desejos tem sido motivo de uma longa e dolorosa batalha.

Casado e pai de quatro filhos, com idades entre cinco e 12 anos, Jones decidiu se inscrever no Programa Morar Bem, da Secretaria de Habitação (Sedhab). Embora estivesse incluído no cadastro específico para deficientes, foi contemplado com uma casa de dois andares, sem qualquer opção de acessibilidade.

O autônomo tinha certeza que seu caso seria analisado cuidadosamente e seria contemplado com uma residência acessível. Entretanto, a realidade foi bem diferente. A única opção com acessibilidade oferecida foi um apartamento de dois quartos, segundo ele inviável para o tamanho de sua família. Diante disso, o autônomo tinha duas opções: abrir mão de seu sonho e voltar para a fila de espera, ou esperar o bom senso por parte dos responsáveis pelo programa. Ele preferiu a segunda opção e está pagando a primeira parte do financiamento. Ainda restam uma parcela de R$ 3 mil e mais a quitação financiada de R$ 130 mil.

Pesadelo

Para Jones, o sonho vem se tornando um pesadelo. Afinal, adquiriu a casa, mas não teve a chance de conhecê-la por completo. “Não tenho ideia de como é o pavimento de cima da minha casa. Foram anos para realizar esse objetivo e agora tenho que me contentar em permanecer na parte inferior”, lamenta.

"Uma situação delicada"

De acordo com o presidente da Companhia de Habitação (Codhab), Luciano Queiroga, a situação do cadeirante Jones é delicada. “Nós temos apartamentos com dois quartos destinados a pessoas com necessidades especiais. Além disso, temos 5% das residências destinadas a pessoas com deficiência. A pessoa, ao procurar um imóvel, é orientada pelos servidores da Codhab e tem todos os questionamentos esclarecidos. Infelizmente, como ele já assinou o contrato, não podemos tomar uma providência mais direta”, afirma”.

Luciano revela que o financiamento não está mais incluso nas ações do órgão: “Agora é uma questão entre o agente financeiro e o empreendimento. Se ele não tivesse firmado o contrato, teríamos condições de tentar uma revisão”.

Já em relação ao caso de Amilton, a Codhab realizou uma revisão do caso e efetuou a exclusão do plano de saúde. Com isso, houve uma redução do valor do imóvel, que chegou ao valor de R$ 85 mil. Segundo o órgão, o auxílio-creche, por se tratar de um benefício temporário, está incluso no valor da renda.