Dilma: Sem base aliada, sem a sociedade, não faríamos a diferença

“Completamos 10 anos de um governo, verdadeiramente, do povo, para o povo e pelo povo. Não alcançaríamos isso sem a nossa base aliada, sem a sociedade civil organizada que ocupa as ruas sempre que é convocada e sem a confiança de cada cidadão e cidadã que acreditou que este grupo poderia fazer a diferença.” Este foi o tom dado pela presidenta Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (20), no ato comemorativo pelos dez anos de governos populares e democráticos no Brasil.

Para a solenidade foram convidados todos os presidentes dos partidos da base aliada, os quais discursaram e reafirmaram seu compromisso com a aliança forjada em 2003 e com o povo brasileiro. Durante sua fala, o presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo, falou com alegria dos resultados conquistados pelo governo e rememorou que o PCdoB esteve presente neste grupo desde seu nascimento.

Ouça na Rádio Vermelho
Renato: 10 anos de mudança: Sim, temos muito que comemorar

“Nosso Partido está junto dessa empreitada desde o começo, iniciamos nossa empreitada desde a criação da Frente Brasil Popular, que foi a primeira frente a lançar Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989, à presidência da República. Participamos de todas as eleições de Lula e continuamos nossa jornada com Dilma. Este é um momento singular da nossa história, uma história de luta de cada trabalhador e trabalhadora deste país. Este grupo entendeu isso e sabia dos desafios que seriam travados partir de 2003. Por isso repito: sim, temos muito que comemorar!”, declarou com entusiasmo o líder comunista.

Para Renato, todo o desespero externado pela oposição é sinal de um grupo que não possui projeto alternativo ao que foi construído ao longo destes 10 anos. “Assistimos a uma verdadeira fabricação de conflitos, mas eles [oposição] esquecem que o povo vive, hoje, em um novo patamar, ou seja, não é bobo. O projeto da oposição é desgastar a imagem de governos que mudaram o Brasil, desgastar a imagem de um grupo que se uniu por e para o povo e cavar alguma chance em 2014, mas os dados são claros e a sociedade organizada está alerta e irá defender as mudanças conquistadas”.

Concordando com Renato, Ruy Falcão, presidente nacional do PT, acrescentou que a força que fez a roda girar nestes dez anos foi o casamento de um sonho com muito trabalho, o qual não teria sucesso sem o empenho de cada partido que acreditou neste projeto.

“A parceria firmada em 2003 foi e é fundamental para as conquistas deste último decênio. Hoje, comemoramos mudanças, mas também nós preparamos para novos desafios. Agora o futuro está ao nosso alcance, enxergamos uma estrada na qual seguiremos para um Brasil com menos desigualdades, mas participação social nas diferentes esferas, e sobretudo, com maior justiça social”, disse ao Vermelho o dirigente do PT.

No ato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e a presidenta Dilma Rousseff foram os últimos a discursar. Todas as principais lideranças da base aliada, entre parlamentares, ministros, prefeitos e governadores, marcaram presença.

Rompendo paradigmas

Dilma iniciou sua fala afirmando que o Brasil colhe, destes 10 anos, a certeza de um despertar, que tem na força do povo seu maior apoio. “Vivemos em um momento único da história, no qual o povo é protagonista. E esse protagonismo dá energia para continuarmos avançando, sempre apoiados no tecido do futuro e da esperança, e esse tecido ninguém conseguirá romper”, afirmou Dilma ao refletir sobre as constantes críticas da oposição.

A presidenta lembrou que este mesmo tecido teve a força de romper com o passado de desequilíbrios e de desigualdades. “Hoje, o Brasil se vê como um, não há aquela ou aquela região. Há o país, há povo, uma nação. A força do povo coloca no lugar daquele passado de fome, de desemprego e de abandono, uma nação de destaque, interno e externo. E tudo isso é resultado de um eixo estrutural: o desenvolvimento com inclusão social”, disse a mandatária.

Dilma falou também das “previsões equivocadas e tendenciosas que duvidam da capacidade do Brasil de aumentar seu ritmo de crescimento e manter a estabilidade econômica. Repito: nossos fundamentos estão cada vez mais sólidos. Não foi por milagre que alcançamos estes números, não vieram do nada e nem herdamos de ninguém. Vivemos uma década de superação de paradigmas e o fim da miséria é apenas o começo. Há ainda um longo caminho, muitas superações, mas continuaremos com certeza que estamos no rumo certo. É por isso que afirmo com grande felicidade: finalmente a pobreza está abandonando o Brasil”, externou a presidenta.

Além disso, a mandatária pontuou que “o Brasil tem mostrado ao mundo que os pilares econômicos e sociais não são incompatíveis. Essa é uma das grandes conquistas dessa década, termos provado isso contra décadas e décadas em que havia um preconceito: ou se crescia ou se contemplada impassivelmente a miséria do povo”, afirmou.

Segundo ela, nada disso seria possível sem uma liderança obstinada, comprometida e que tivesse conhecimento de causa dos males que precisariam ser enfrentados. “O Brasil possui milhares de construtores, mas apenas um líder, Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, ele fechou a porta do atraso e escancarou a porta da prosperidade e das oportunidades. Foi por ela que eu passei, como também foi por ela que o brasileiro conquistou sonhos e viu reacender a chama de uma país melhor, mais igual e com justiça social”, finalizou emocionada a presidenta, que foi aplaudida de pé por cerca de um minuto.

“Não temos medo da comparação”

Com o humor de sempre, Luiz Inácio Lula da Silva saudou a todos e destacou, “temos muito que comemorar, esses 10 anos comemorados consagram um novo jeito de fazer política no Brasil. Uma década é pouco para mudar a história de um país, mas esse tempo já pode sinalizar o Brasil que queremos”.

Após ler trechos de seu discurso de reeleição, o ex-presidente afirmou: “Nós não temos medo da comparação, especialmente quando falamos em transparência de gestão. E duvido que tenha na história do país um governo que criou mais instrumentos e mais transparência para combater a corrupção do que o nosso”.

Com veemência, Lula falou sobre as críticas da oposição. “Quando assumimos em 2003, tínhamos a certeza que não podíamos errar, porque eles [a posição] são implacáveis. Eles não gostam de governo de esquerda e de governo progressista", disparou o ex-presidente.

Ao falar sobre os índices sociais, Lula destacou o sucesso da política econômica, o avanço das conquistas sociais, a representatividade do Brasil no mundo e sua afinidade com a América Latina, o empoderamento do povo, entre outros. Cenário, que segundo Lula, não seria possível sem a “destemida base aliada. A sabedoria destes governos foi aliar as forças pelo povo e para o povo. A história ensinou que ganhar é fácil, mas governar é muito difícil. E sem esses companheiros não teríamos alcançado tantos êxitos”.

“É natural que nossos adversários fiquem inquietos e queiram comparar. Pois bem, estamos aqui, e somos nós que queremos comparar o Brasil com o projeto de Brasil que eles propõem”. E completa: "Eles [a oposição] estão inquietos porque percebem que estão sem valores, sem discursos, sem propostas porque toda e qualquer coisa que eles pensarem em fazer, nós fizemos e fizemos melhor. Por isso que nós queremos fazer esse debate com eles, com a opinião pública e a imprensa. Se tem uma coisa que não temos medo é do debate", desafio Lula.

Comemoração

O ato abre uma série de seminários, que serão realizados em 13 estados do país, em parceria com o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo, com o objetivo de apresentar a realidade desta década de governo à sociedade brasileira. O próximo ato será realizado dia 28, em Fortaleza (CE).

Cerca de mil pessoas acompanharam as falas, que também foram transmitidas para o subsolo do hotel onde mais militantes acompanhavam o evento. Além disso, cerca de 70 mil assistiram ao ato pela transmissão on line.

Durante o encontro, foram distribuídos exemplares da cartilha sobre os 10 anos dos governos progressistas e populares a todos os presentes. Entre os quais se podiam reconhecer senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores, ministros e militantes das siglas presentes.

Sobre especulações lançadas de que o evento seria ato para lançar Dilma, o dirigente do PT Ruy Falcão disse que “o lançamento da candidatura da presidenta à reeleição será realizado em encontro partidário convocado com essa finalidade".

Joanne Mota
Do Portal Vermelho
Em São Paulo