Lincoln, o voto feminino e as transformações políticas

Por Jussara Cony

Assistindo ao filme Lincoln – com atuação irreparável de Daniel Day-Lewis –, me deparei com algumas das lutas políticas históricas mais importantes da humanidade. Nas duas horas e meia de filme, assistimos às ações e decisões do presidente norte-americano que culminaram na abolição da escravatura. Isso em 1865!

Ao mesmo tempo em que vimos a luta e comemoramos a aprovação da histórica Emenda XIII, vimos uma série de preconceitos que seriam desfeitos somente décadas e séculos depois. Aqueles que eram contrários à Emenda argumentavam que, a partir de sua aprovação, negros poderiam querer direitos civis e até mesmo serem candidatos a algum cargo político! Mais: mulheres poderiam quer votar!

Pois o que parecia absurdo em 1865, hoje é realidade. Em 24 de fevereiro, celebramos o 81º aniversário do direito ao voto feminino no Brasil. Uma conquista recente, mas que precisa avançar muito. Uma conquista que nos mostra que aquilo que parece impensável em um determinado momento, pode ser conquistado através da luta. E nesse sentido, celebramos Julia Barbosa, Bertha Lutz, Leolinda Daltro, Celina Vianna, Nathércia da Cunha Silveira e tantas outras. Tornamos o impossível, realidade. Tal qual a Emenda XIII.

E se essas conquistas hoje são celebradas, então mantenho a crença de que chegaremos à igualdade. Não nos pensavam votando, não nos pensavam agentes políticas, não nos pensavam no mercado de trabalho. Estamos em todos os lugares. Na Câmara de Vereadores, somos oito vereadoras. Um marco que nos permite comemorar e nos dá, ao mesmo tempo, uma imensa responsabilidade. Responsabilidade de trabalhar pela igualdade salarial de homens e mulheres (dados de 2011 do IBGE mostraram que as mulheres ganham 28% a menos que os homens); e garantir uma Reforma Política que valorize e incentive a participação feminina na política (no Congresso Nacional, apenas 8,9% dos parlamentares são mulheres). Em um ranking de 188 países, ocupamos o 141º lugar quando analisada a presença de mulheres na política.

Há muito a ser feito. Mas, olhando para o passado tenho a convicção de caminhamos no rumo certo. Ao celebrarmos o voto feminino, celebramos a esperança de mais mudanças para a sociedade que desejamos viver. Uma sociedade que oportuniza a verdadeira emancipação das mulheres e dos pobres: política, econômica, social, familiar e cultural. Uma sociedade de igualdade e paz.

Jussara Cony
Vereadora e Líder da Bancada do PCdoB na CMPA