Itália: ingovernabilidade persiste com rejeição a coligações

Três dias após uma eleição sem vencedores na Itália, a crise política parece estar longe de acabar. Isso porque dois candidatos rejeitaram fazer coligações, ou seja, não chegaram a um acordo para formar um governo no país.

O centrista Pier Luigi Bersani, primeiro colocado (mas sem a maioria necessária), voltou a negar uma aliança com a direita de Silvio Berlusconi (grupo que ficou em segundo lugar). O comediante Beppe Grillo (terceiro colocado), rechaçou qualquer forma de apoio a Bersani, com quem entrou em um bate-boca virtual.

E assim, o imbróglio continua. Realizada três meses antes da data prevista, as eleições foram convocadas após o Partido Povo da Liberdade (PDL), do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, retirar seu apoio ao governo de Mario Monti. Vale lembrar que Berlusconi renunciou em meio a uma série de escândalos sexuais e fraude fiscal.

Legislativo italiano

A Itália é uma República com um presidente, primeiro-ministro e um Parlamento de duas câmaras. A Câmara dos Deputados, com 630 membros eleitos, e o Senado, com 315 membros eleitos, além de quatro senadores vitalícios.

Os membros das duas casas são eleitos com mandatos de cinco anos. Nessas eleições, todos os assentos estavam abertos à disputa, exceto os vitalícios.. O sistema eleitoral é baseado em representação proporcional e nas listas dos partidos, com uma série de exigências que acabam encorajando as legendas a se agruparem em coalizões.

O Congresso italiano tem uma formação incomum em comparação com outros Parlamentos europeus, já que o Senado tem quase o mesmo poder da Câmara dos Deputados. Qualquer lei, com exceção do Orçamento, pode se proposta por qualquer uma das duas casas, e deve ser aprovada da mesma forma pelas duas câmaras. Além disso, o governo precisa ter o consentimento das duas casas para governar.

“Ingovernável” é o termo usado pela imprensa e pelos políticos italianos para carcterizar a situação. Entretanto, pouco se fala que a crise europeia e italiana, e os seus programas de austeridade contra o povo trabalhador foram rechaçados nas urnas. Foi um verdadeiro “não”.

Este foi um dos fatores responsáveis pelo chamado "fenômeno Grillo", o qual logo após a proclamação dos resultados, declaro: “isso é o que se consegue quando se tenta lutar contra a depressão econômica somente com a austeridade”. 

Comunistas

As forças de esquerda, agrupadas na coalizão “Revolução Civil”, sob a liderança de Antonio Ingroia, não tiveram êxito nesta eleição. A coalizão não conseguiu atingir a cláusula de barreira de 4%, ficando os comunistas fora do Parlamento.

Fausto Sorini, do secretariado nacional do Partido dos Comunistas Italianos (PdCI), emitiu uma declaração sobre a derrota das forças de esquerda na Itália.

“Não devemos subtrair-nos a um severo exame crítico e autocritico, que vá além da contingência eleitoral e envolva todos os aspectos de nosso trabalho e nossa organização.”

Da redação, Eliz Brandão com agências