Chefes de Estado vão a Caracas para despedir-se de Chávez

Comovidos pela morte de Hugo Chávez, os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Uruguai, José Pepe Mujica, e da Bolívia, Evo Morales, viajaram nesta quarta-feira (6) a Caracas, para participar das cerimônias de homenagem ao líder bolivariano. Durante o cortejo fúnebre que percorreu a capital do país, o presidente Evo, visivelmente emocionado e vestindo uma jaqueta com o rosto de Che Guevara, esteve ao lado do presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro.

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Presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, Uruguai, José Mujica, e Bolívia, Evo Morales, comparecem ao velório de Hugo Chávez na Academia Militar de Caracas.

No total, 22 presidentes e 54 delegações especiais de diversos países do mundo estarão em Caracas para acompanhar o povo venezuelano durante os atos de despedida programados para Chávez.

A presidenta Dilma Rousseff viaja nesta quinta-feira (7) para o país caribenho, acompanhada do chanceler Antonio Patriota e de altos servidores públicos do governo. O ex-ministro José Dirceu pedirá permissão ao Supremo Tribunal Federal para viajar ao país e prestar suas últimas homenagens ao líder latino-americano.

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Presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, ao lado do corpo de Hugo Chávez durante velório na Academia Militar de Caracas.

"Hugo Chávez contribuiu ao fortalecimento de nosso continente, sendo responsável pela constituição da Unasul (União de Nações Sul-americanas) e da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos)", duas importantes entidades integracionistas, afirmou.

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Também são esperados os presidentes do Equador, Rafael Correa; do Chile, Sebastián Piñera; do Peru, Ollanta Humala; do Panamá, Ricardo Martinelli; de Honduras, Porfirio Lobo; da Colômbia, Juan Manuel Santos; de El Salvador, Mauricio Funes; do Haiti, Michel J. Martelly; da República Dominicana, Danilo Medina; do México, Enrique Peña Nieto.

No total, 15 países decretaram luto em memória do presidente Chávez. Entre eles, Cuba, Uruguai, Argentina, Equador, Bolívia, Brasil, Chile, Nicarágua, Bielorrússia e Irã.

China e Oriente Médio

"Hugo Chávez é um nome conhecido por todas as nações. Seu nome é um lembrete de bondade, coragem, dedicação e incansáveis esforços para servir ao povo, especialmente aos pobres e àqueles excluídos pelo colonialismo e pelo imperialismo", declarou o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. "Ofereço minhas condolências a todas as nações, à grande nação da Venezuela e a sua respeitosa família por esse acontecimento trágico."

Na Síria, a mídia estatal lembrou que o líder bolivariano tomou uma posição honrosa contra uma conspiração contra o presidente sírio Bashar Assad. Ano passado, Chávez enviou combustível para ajudar Damasco a superar a escassez causada pelas sanções internacionais. Ele descrevia a revolta contra Assad como um "complô internacional apoiado por potências ocidentais".

"O desaparecimento deste líder único é uma grande perda para mim, pessoalmente, e para o povo sírio, da mesma forma que é uma perda para o povo da Venezuela", afirmou Assad. "O povo sírio e eu estamos orgulhosos dos progressos qualitativos alcançados nas relações entre os nossos dois países. Chávez era um amigo fiel que se opôs à guerra contra a Síria."

Na Rússia, o presidente Vladimir Putin chamou Chávez de um "homem extraordinário e forte que olhava para o futuro e sempre pensava grande". O embaixador russo na ONU, Vitali Churkin, disse que a morte de Chávez é uma "tragédia". "Ele foi um grande político", afirmou Churkin.

Em Pequim, o presidente chinês, Hu Jintao, que deixa o poder este mês, e seu sucessor, Xi Jinping, também enviaram condolências a Nicolás Maduro, presidente interino da Venezuela até as eleições. O porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, caracterizou o líder venezuelano como um "bom amigo do povo chinês".

A China construiu uma amizade forte com Chávez em razão do petróleo. Bilhões de dólares em empréstimos chineses, quitados com exportações do produto, ajudaram a financiar programas sociais que revolucionaram a Venezuela.

Manifestações populares

Desde o anúncio da morte de Chávez no dia 5 de março, os venezuelanos estão nas ruas manifestando sua dor e admiração pelo líder. A fila para ver, pela última vez, o mandatário chega a um quilômetro de extensão.

O caixão não pode ser filmado ou fotografado, mas relatos de pessoas que passaram pelo local dão conta de que, através da tampa de vidro do caixão, pode-se ver o mandatário vestido com uniforme militar e sua boina vermelha.

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva com agências internacionais

*Texto alterado às 15h11 para acréscimo de informações