Coneg da UNE discute assistência estudantil feminina

Uma mesa composta pelas mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE), na noite de sexta-feira (8) a abertura 61º Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG) fez jus a data do Dia Internacional das Mulheres. O presidente da UNE, Daniel Iliescu, saudou as companheiras e se retirou da mesa para o início do debate que abriu o evento sobre Assistência Estudantil Feminina.

A diretora da UNE de Assistência Estudantil, Camila Moreno, disse que ninguém mais discute hoje em dia que o tema é fundamental para a permanência das estudantes na Universidade. “Por isso é preciso avançar em políticas específicas”, destacou.

A diretora de Mulheres da UNE, Liliane Oliveira, disse que é preciso reafirmar o feminismo como mecanismo para mudar a desigualdade. “A divisão sexual do trabalho ainda precisa ser rompida, precisamos repensar o ensino, que nos exclui dos processos de decisão, ou mesmo com a invisibilidade da luta das mulheres na universidade”, afirmou.

A ex-vice- presidente da UNE, Louise Caroline, disse estar muito feliz em discutir os assuntos da mesa. “Não me lembro de uma pauta de mulheres ser o assunto principal do CONEG. Fico também feliz em ver como a pauta de assistência tem crescido também. Estes assuntos estão no centro da discussão da universidade e da educação brasileira. Temas principais dessa mesa, que marcam vitórias”, destacou.

Por que debater assistência estudantil feminina?

Para Louise o tema não trata só de estudantes, mas atores políticos, cidadãos plenos na universidade. “Uma assistência que vai além da permanecia, sem assistencialismo. O caráter público da educação e da universidade fala que o que é público é para todo e para todas, assistência estudantil é um direito público e não só para pobres”, afirmou ela. E continuou: “Mas toda política universal requer um recorte específico: os direitos universais, não podem e não devem superar as especificidades. E esse recorte é justificado muito menos pelas nossas diferenças biológicas e mais pelo machismo que existe na sociedade, na universidade, no movimento estudantil”, afirmou.

Ela explicou que o machismo gera demandas para as mulheres. “Pelos espaços de gestão terem mais homens que mulheres, a pauta das mulheres não tem tanta força. Seja na gestão da universidade, ou no movimento estudantil ou dos movimentos sociais”, afirmou.

A fala da ex-presidente da UNE e militante da União Brasileira de Mulheres, Lúcia Stumpf, também justificou o tema do debate. Para ela discussão de gênero tem avançado a passos largos principalmente após a presidência da Dilma Rousseff. E fez uma provocação sobre o papel na mulher na universidade: que tipo de protagonismo a gente quer na nossa universidade? “Se já somos maioria o que há mais que discutir? Além de ser maioria entre as matrículas, e entre os que concluem, vimos números que afirmam que a falta de assistência não tem servido para travar a mulher de estar universidade. Então o que falta?”, questionou.

Stumpf defendeu uma maior inserção nos espaços de poder. Ela destacou que o nível de escolaridade da mulheres já é superior aos homens porque delas é exigido uma qualificação maior para competir com homens menos qualificados. E para ter um salário ainda em média 60% menor. “Só como homens e mulheres e dividindo, não disputando, os espaços de poder nas universidade vamos conseguir construir uma sociedade igualitária e livre de todas as desigualdades”, finalizou.

Fonte: Site da UNE