México: vítimas de abuso sexual participarão de audiência 

 Pela primeira vez as 11 mulheres sobreviventes de tortura sexual durante as operações policiais de 3 e 4 de maio de 2006 em San Salvador Atenco, Estado do México, confrontarão o governo mexicano cara a cara, uma vez que poderão narrar sua história diante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Neste 14 de março uma representante das 11 sobreviventes participará de uma audiência na CIDH, com sede em Washington, Estados Unidos, para evidenciar que o Estado mexicano foi cúmplice da violação sexual que viveram há quase sete anos.

Neste encontro estarão frente a frente as vítimas, os delegados da CIDH, uma delegação de funcionários mexicanos e representantes de Centro de Direitos Humanos Miguel Agustín Pro Juárez e do Centro pela Justiça e Direito Internacional – , estes dois últimos defensores cidadãos das 11 mulheres, que escutarão o acontecido em Atenco em 2006.

Esta semana se define a sobrevivente da violência que falará em nome das 11 vítimas diante da CIDH. Eventualmente a delegação do Estado mexicano emitirá uma postura a respeito ou se limitará a escutar os relatos.

Embora pareça ser um comparecimento a mais, na realidade – explica Bárbara Italia Méndez, uma das sobreviventes – é a primeira oportunidade de narrar seu testemunho em um litígio internacional que começou em abril de 2008 contra as autoridades mexicanas e que em sua maior parte consistiu em comunicações escritas.

Este será o momento de escutar parte do testemunho das 11 denunciantes de violação e tortura sexual: Mariana Selvas, Georgina Edith Rosales, María Patricia Romero, Norma Aidé Jiménez, Claudia Hernández, Ana María Velasco, Yolanda Muñoz, Cristina Sanchéz, Patricia Torres, Suhelen Gabriela Cuevas e Bárbara Italia Méndez.

Em entrevista, Italia assegura que este comparecimento tem um custo emocional porque quem representa a 11 mulheres terá que falar do sucedido em Texcoco e San Salvador, no Edomex, quando 47 mulheres foram presas e 27 delas foram golpeadas, insultadas e torturadas por policiais estaduais e federais.

Em 2006 quando ocorreram os acontecimentos Enrique Peña Nieto era governador de entidade e a sua administração começou a conduzir as investigações que não apresentou resultados. De forma paradoxal agora como Presidente da República o seu governo deverá levar o litígio contra as 11 peticionárias.

Fonte: Adital