CTB saiu mais forte do Congresso da Contag, diz Sergio de Miranda

O secretário de Política Agrícola e Agrária da CTB, Sérgio de Miranda, entende que os cetebistas saíram muito fortalecidos de todo o processo que envolveu o 11º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Falando também como dirigente da Federação de Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), ele avalia a disputa política interna que existe no movimento sindical rural do país.

Portal CTB: Como você avalia o nível das discussões ocorridas no 11º Congresso da Contag?
Sérgio de Miranda: Atingiu as expectativas. Podemos fazer uma avaliação positiva, os debates foram muito bons, até porque parte dessa qualificação foi construída nas plenárias regionais e estaduais, quando os delegados se prepararam para os principais temas. Tudo foi trabalhado ao longo dos últimos meses, de modo que o Congresso foi tranquilo. Essa discussão servirá para definir os rumos do movimento sindical do Brasil todo para os próximos quatro anos.

A gestão que se encerra foi a primeira da Contag sem estar filiada a nenhuma central. Como você viu esse período?
Acredito que essa gestão foi muito positiva para a Contag, suas federações e para o conjunto do movimento sindical. Foram quatro anos nos quais a Contag procurou manter uma relação direta com a CUT e a CTB, que são as duas centrais com maior atuação no campo. A Contag não teria condição de realizar um trabalho profícuo da maneira como foi feito se estivesse filiada a uma ou outra. Nossa base é muito heterogênea – podemos dizer que está dividida entre essas duas centrais. Mas para o crescimento e fortalecimento da Contag precisamos buscar a unidade, mesmo na diversidade, em nome do movimento sindical.

A chapa única eleita neste último dia de Congresso é o reflexo desse trabalho?
Sim. Ela é o resultado desse intenso trabalho, que não foi fácil. A chapa única sem dúvida começa pela liderança do presidente Alberto Broch, que teve um papel importantíssimo nesses quatro anos e no papel de construção da chapa, assim como nos encaminhamentos do 11º Congresso. Certamente nos próximos quatro anos a Contag continuará desfiliada a qualquer central, mas o Congresso aprovou a necessidade de se fazer um amplo debate sobre a importância das centrais. Creio que essa unidade será mantida e fortalecida, mesmo levando em conta que ninguém precisa abrir mão de suas convicções.

Quais os principais desafios para a próxima gestão?
Acredito que o grande desafio é avançar a luta pela reforma agrária, algo que não tem avançado como se esperava. Antes a gente sabia que o governo não tinha interesse nessa questão, mas agora a presidenta Dilma declarou que irá avançar nesse processo. Não adianta apenas dar terra ao agricultor e depois deixá-lo abandonado. Em termos de outras políticas, acho que já avançamos bastante nos últimos anos, especialmente na última década, mas deveremos continuar avançando.

Este Congresso aprovou a paridade de cargos para a Direção da Contag a partir da gestão seguinte a que acaba de ser eleita. Que desafios essa decisão traz?
Isso vai ter muita repercussão nos próximos anos. É uma decisão bastante corajosa e será um desafio muito grande implementá-la – tanto para os homens quanto para as mulheres. As mulheres também serão forçadas a assumir cada vez mais postos e a se dedicarem cada vez mais. Mas é um desafio positivo e importante, que aos poucos será concretizado. Isso mostra, fundamentalmente, que o movimento sindical não é só dos homens. Cada vez mais ele é um movimento de homens e mulheres.

Como dirigente da CTB, qual o papel dos cetebistas para essa construção da unidade na Contag? E como a CTB se consolidou no sindicalismo rural nesse último período?
A CTB sai muito fortalecida deste 11º Congresso, pois ela teve um papel importante na construção dessa chapa unitária. Se olharmos a CTB, apesar de ser uma entidade com apenas cinco anos de história, ela hoje está em condições de igualdade em relação à outra central, que já tem 30 anos. Tínhamos mais de 50% dos delegados presentes e a CTB fez questão de ratificar um compromisso, que é o de unificar os trabalhadores. A CTB defendeu isso na Conclat, na Marcha das Centrais e está se consolidando cada vez mais. Não tenho dúvidas de que iremos crescer, pois muitos dirigentes e lideranças vinham nos últimos dias conversar e querer saber mais sobre a CTB, pois perceberam nossa força – afinal, no Congresso anterior da Contag estávamos apenas iniciando nossa trajetória.

Após um Congresso tão rico e bem sucedido como este da Contag, qual a contribuição que os trabalhadores e as trabalhadoras rurais poderão levar para o 3º Congresso Nacional da CTB, a ser realizado no final de agosto?
Eu diria que a preparação, nos mais diferentes sentidos, pode servir de exemplo para a realização. O mesmo vale para os congressos estaduais. O Congresso da Contag, em si, já foi um grande aprendizado, pois pudemos observar e ajudar na organização de vários pontos. Tentaremos repetir o que deu certo e evitar aquilo que poderia ter sido mais bem feito. Acredito também que esta mobilização dos cetebistas para vir ao 11º Congresso será um reflexo para mobilizar todos ao 3º Congresso da CTB.

Por Fernando Damasceno, no Portal CTB