Rússia defende solução europeia para crise no Chipre

O primeiro-ministro Dmitri Medvedev reafirmou nesta quinta-feira (21) a disposição da Rússia a considerar um pacote de assitência a Chipre, mas a solução da crise da dívida passa primeiro pela União Europeia (UE), bloco ao qual o Chipre pertence.

Em uma extensa entrevista a meios europeus de imprensa, Medvedev disse que Moscou não se nega a discutir a ajuda financeira a Nicosia, lembrando que segundo o acordo, revisariam as propostas da UE e depois tomariam decisões.

O premiê enfatizou que as medidas devem corresponder às normas de convivência civilizada e do direito internacional, e levar em consideração as legislações internas dos Estados e seu código civil, garantindo a inviolabilidade da propriedade.

Medvedev disse que só depois faremos nossa proposta, mas por enquanto não ouvimos nada de cima.

Lembrou que o Chipre é membro comunitário, por isso a UE deve resolver os problemas para restabelecer a liquidez financeira do país, em uma situação extremamente grave, qualificou.

Moscou desembolsou um empréstimo a Nicosia em 2011 de 2,5 bilhões de euros, e segundo Medvedev, isso confirma que participamos da ajuda à liquidez e solvência do Chipre.

Nesta quinta-feira os ministros de Finanças de ambos países retomarão as negociações que até ontem não chegaram a nenhum resultado favorável para os cipriotas, quanto à entrega de outro crédito (uns cinco bilhões de euros), e maiores facilidades de pagamento.

A imprensa difunde uma série de possibilidades para a ajuda russa, desde um pacote de ativos, controle de jazidas de gás na ilha mediterrânea, até o estabelecimento de uma base militar.

Em declarações publicadas ontem, Medvedev parecia não estar satisfeito com as medidas anunciadas pela Comissão Europeia principalmente as relacionadas ao imposto sobre depósitos bancários e ao futuro das instituições financeiras desse país, tudo como condição para o resgate de 10 bilhões de euros.

Dessa maneira pareceria um roubo, se apoderar do dinheiro das poupanças e enfraquecer o sistema bancário cipriota, observou o chefe de Governo russo.

Se esse é o objetivo dessas decisões da UE, são muito estranhas, e previu efeitos negativos.

Para Medvedev, tais atitudes afetarão seriamente o sistema financeiro internacional, o que, segundo lembrou, tenta se recuperar nos últimos anos, tentando resgatar a confiança internamente.

Foram negociações intermináveis nos fóruns do G-8 e do G-20 quanto à necessidade de restituir a confiança, como principal objetivo, e a previsibilidade do sistema, apontou.

Por outro lado, o ministro cipriota de Finanças, Michalis Sarris, declarou ontem em Moscou que as conversas com a parte russa foram boas, construtivas e honestas, e continuarão nesta quinta-feira em outro lugar.

Fonte: Prensa Latina