Balança comercial e remessas para exterior aumentam déficit

O saldo negativo da balança comercial (exportações e importações) e o aumento das remessas de lucros e dividendos de empresas no Brasil para o exterior levaram ao aumento do déficit em transações correntes (compras e vendas de mercadorias e serviços do país com o mundo), de acordo com avaliação do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.

Em fevereiro, o déficit em transações correntes ficou em US$ 6,625 bilhões, o maior para o período na série histórica do BC, iniciada em 1947. Nos dois primeiros meses do ano, o saldo negativo ficou em US$ 17,997 bilhões.

“O número de fevereiro confirma esse movimento de ampliação do déficit de transações correntes”, disse Maciel.

De acordo com ele, o aumento da importação de combustíveis, de bens de capital para investimento e matérias-primas contribuem para o resultado negativo. Segundo ele, o aumento das importações é esperado devido à retomada da atividade econômica. “Vejo com naturalidade a ampliação do déficit em transações correntes em cenário de crescimento da atividade econômica. Nesse contexto há maior demanda por bens e serviços do exterior”, disse.

Com as importações maiores que as exportações, a balança comercial apresentou déficit de US$ 5,314 bilhões, no primeiro bimestre. Entretanto, segundo Maciel, deve haver “reação” das exportações em março, com aumento dos embarques de soja para o exterior e “apropriação gradual dos preços de minério de ferro”. De acordo com Maciel, os preços do minério de ferro subiram no final do ano passado, mas a alta só é incorporada na medida em que os contratos são renovados.

Em relação a remessas de lucros e dividendos, Maciel explicou que um dos movimentos para a ampliação do envio desses recursos para o exterior também é a retomada da atividade econômica. Ou seja, com maior lucro, há mais dinheiro para enviar para fora do país. Além disso, de acordo com Maciel, é o aumento do estoque de investimentos estrangeiros no país, o que também leva a mais remessas ao exterior. O terceiro fator apontado por Maciel é que as mudanças na taxa de câmbio influenciam na escolha do momento para enviar recursos para fora do país.

Transações correntes

O BC também revelou que revisou a projeção para o déficit em transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços do país com o mundo – de US$ 65 bilhões para US$ 67 bilhões, este ano.

Em relação a tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB) – o saldo negativo deve ficar em 2,76%, contra 2,72% previstos anteriormente.

Um dos motivos que levaram à revisão foi a menor expectativa para o saldo da balança comercial (exportações e importações), que passou de US$ 17 bilhões para US$ 15 bilhões, neste ano.

Na conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) também houve alteração na estimativa de déficit, de US$ 43,7 bilhões para US$ 43,6 bilhões.

A conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) deve registrar saldo negativo de US$ 41,4 bilhões, contra US$ 41,3 bilhões previstos anteriormente pelo BC.

A previsão para o ingresso líquido de transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) foi mantida em US$ 3 bilhões.

Nos dois primeiros meses do ano, o déficit em transações correntes ficou em US$ 17,997 bilhões, contra US$ 8,779 bilhões, registrados no primeiro bimestre de 2012. Somente em fevereiro, o resultado negativo foi US$ 6,625 bilhões, contra US$ 1,729 bilhões de igual mês do ano passado. Em todo o ano passado, o déficit em transações correntes foi US$ 54,246 bilhões, o que correspondeu a 2,41% do PIB.

Com informações da Agência Brasil