Diálogos pela Educação, artigo de Flávio Dino.

Por Flávio Dino

Conhecer o Maranhão é conhecer o cotidiano das pessoas. Suas lutas, suas dificuldades e suas superações diárias nos ensinam a olhar para frente com esperança. Entre tantos relatos que ouvi quando o Movimento Diálogos pelo Maranhão esteve na região tocantina, houve um especialmente importante.

Vinícius Lopes tem 14 anos. Encontrei-o quando visitei a Igreja de São Jose do Egito. Conversei com ele longamente sobre suas conquistas, com tão pouca idade. Vinícius foi aprovado para fazer curso técnico no Instituto Federal de Imperatriz e divide a sala com estudantes de diferentes idades.

Entre os relatos que me fez, Vinícius disse estar feliz por ter acesso ao conhecimento em uma escola pública na qual a preocupação maior é com o aprendizado.

Empenhado na nova escola, o garoto de Imperatriz fez uma reflexão importante sobre os modelos educacionais que experimentou como estudante da rede pública de ensino. “O professor não está preocupado somente com as notas. Se não entendemos, eles repetem. Querem ter certeza de que estamos aprendendo de verdade”, me disse.

O modelo de educação pública acessível e que ensina de verdade, resumido pelas palavras de um jovem imperatrizense, é o que defendemos para o Maranhão. Com um modelo educacional humanizado e de acesso universal, daremos um dos passos fundamentais para a construção de um novo projeto de desenvolvimento para o Maranhão.

No quesito Educação, o domínio oligárquico impõe aos maranhenses dados alarmantes. Com insuficiente e ineficiente investimento no setor, nosso estado figura em último lugar em percentual de população com diploma universitário. Apenas 3,6% de nossos conterrâneos tiveram acesso ao ensino superior. Ao mesmo tempo, milhares de jovens em idade correspondente ao ensino médio estão fora da escola. A defasagem idade-série é imensa. Isso prova que a revolução educacional prometida pela oligarquia em 2010 não aconteceu, a não ser pela inovação de o Estado ter um secretário de educação por ano, impedindo um trabalho contínuo e organizado.

Lutamos contra a superação de quadros como este e o relato de Vinícius nos impulsiona a reunir energias nesse movimento de mudança da realidade de nosso estado. Os progressos experimentados por aquele jovem devem se difundir por todo o estado e, assim, o retrato do caos educacional será página virada, junto com o regime coronelista.

Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal