Assessor do governo de SP questiona crimes e felicita ditadura

A permanência do advogado Ricardo Salles no posto de secretário particular do governador tucano Geraldo Alckmin está sendo questionada dentro e fora do próprio governo paulista. Nesta quarta-feira (3) o escritor e colunista da Agência Estado, Marcelo Rubens Paiva, pediu a Alckmin uma retratação pelas declarações públicas de seu assessor.

Marcelo, Ricardo e Alckmin

Salles questionou a existência de crimes na ditadura durante um evento no Clube Militar, no Rio, no ano passado: “Não vamos ver generais e coronéis, acima dos 80 anos, presos por causa dos crimes de 64. Se é que esses crimes ocorreram…”, disse à plateia.

Leia também:
Rubens Paiva: 'Exigimos uma retratação do governo Alckmin'

O constrangimento aumentou com a participação de Salles, ao lado de Alckmin, no lançamento do acesso eletrônico a fichas do antigo Departamento de Ordem Pública e Social (Dops), central da repressão.

O advogado é hoje responsável por cuidar da agenda do governador. Além de questionar a existência de crimes de militares durante a repressão, ele já afirmou em uma entrevista que “felizmente tivemos uma ditadura de direita no Brasil”.

O Palácio dos Bandeirantes informou nesta quarta (3) que não comentaria as declarações de Salles, por se tratar de opiniões de cunho particular.

Ao cobrar uma retratação pública de Alckmin, Marcelo Rubens Paiva, filho do deputado Rubens Paiva, morto sob tortura pelo governo militar em 1971, lembrou os testemunhos colhidos pelo projeto Tortura Nunca Mais e pela Comissão da Verdade. “Sou testemunha viva. Eu e minhas irmãs. Vimos meu pai, minha mãe e irmã Eliana serem levados. Meu pai entrou no quartel do Exército e não saiu vivo de lá”, afirmou o escritor.

Informações de O Estado de S.Paulo