Aldo Rebelo defende mais governo no futebol

Em entrevista para o portal FoxSports.com.br, Aldo deixou claro seu pensamento em relação ao futebol no país. Para ele, é preciso ter mais governo no setor: “O esporte é uma atividade de interesse público e nacional que a legislação deve reconhecer parte da responsabilidade do governo”, disse o ministro.

Aldo Rebelo - Randômica

A Copa dos Confederações acontece em dois meses. A Copa do Mundo, em pouco mais de um ano. As Olimpíadas, em três. O Brasil já está na contagem regressiva para receber os maiores eventos esportivos do planeta e ainda pairam dúvidas sobre o estado das obras. Menos em um lugar: o Ministério do Esporte.

Em entrevista exclusiva ao FOX Sports.com.br, o ministro Aldo Rebelo afirmou que os estádios vão ficar prontos, as obras de mobilidade também e que o legado dos eventos já pode ser sentido no país: “Há uma geração de empregos, de atração em investimentos públicos e privados. Há também o legado turístico”, comentou.

Além disso, Aldo deixou claro seu pensamento em relação ao futebol no país. Para ele, é preciso ter mais governo no setor: “O esporte é uma atividade de interesse público e nacional que a legislação deve reconhecer parte da responsabilidade do governo”.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

"A COPA NÃO TEM SEGREDO, NÃO TEM MISTÉRIO."

FOXSports.com.br: Ministro, na sua visão, o Brasil fará uma Copa do Mundo digna, com capacidade de igualar, ou até superar, os últimos dois Mundiais – Alemanha, em 2006 e África do Sul, em 2010 – em termos de organização?

Aldo Rebelo: Nós precisamos colocar em prática todo planejamento realizado desde o momento que o Brasil se propôs a colher a Copa do Mundo, quando a reunião da Fifa decidiu pelo evento no Brasil e esse planejamento passou para a fase executiva com todas decisões adotadas. A Copa das Confederações é a preparação da primeira etapa, construção de parte dos estádios, conclusão de algumas obras de mobilidade urbana, o teste dos planos operacionais, na área de transporte, segurança, saúde, voluntariado, aeroporto. Tudo está em execução. Creio que é trabalhar. A Copa não tem segredo, não tem mistério. Ela obedece a um certo padrão, atualizado a cada quatro anos, mas de uma para outra não existe tantas mudanças. É preciso fazer um trabalho, com muito cuidado, rigor e aí acho que o Brasil estará pronto para fazer uma Copa à altura das expectativas do próprio país e do mundo.

"SABEMOS QUE ALGUNS TIPOS DE PROBLEMA NAS OBRAS DOS ESTÁDIOS PODEM APARECER."

FS: Os estádios e as obras vão ficar prontas para a Copa?

Aldo Rebelo: Os estádios serão entregues todos para Copa das Confederações. Três já foram entregues. Os outros três serão entregues no mês de abril. As obras de mobilidade urbana não são as mais complexas. A maioria delas destinadas para Copa do Mundo, quase todas estão com prazo de entrega previstos para o fim de 2013, umas poucas para 2014. Então o cronograma está sendo cumprido. Sabemos que alguns tipos de problema nas obras dos estádios podem aparecer. Há uma ação do Ministério Público, outra vez uma greve, outra vez um pedido do Tribunal de Contas, mas são ações previsíveis. No curso do cronograma esses problemas também estão incluídos.

FS:Uma das grandes preocupações das pessoas é com os gastos do dinheiro público. Quais os cuidados que precisamos ter para o país não sair no prejuízo?

Aldo Rebelo: A Copa do Mundo é, basicamente, um evento privado. O governo não prepara jogadores. Esses são criados e remunerados pelos clubes. Os estádios ou são privados ou construídos por consórcios, outros em regime de parceria público-privada, outros serão concebidos à iniciativa privada. Os gastos do governo são com obras de interesse público. Interesses da população. Aeroporto, vias de acesso para facilidade do tráfego, alças que integram as vias das cidades, VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), metrô, BRT (Bus Rapid Transit), são obras de interesse da população e alguns investimentos em segurança pública e telecomunicações. Todos esses investimentos irão gerar benefícios para população e para o país. Credenciarão cidades para receber eventos esportivos e não esportivos, ampliará o turismo nessas metrópoles e no próprio país, porque nenhum turista vem para visitar apenas uma cidade.


FS:Qual a garantia de que, no dia 12 de junho de 2014, o país estará completamente pronto para sediar o evento?

Aldo Rebelo: Quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014, provavelmente os eleitores, ao fazerem a escolha, estavam convencidos de que o país estava preparado para realizar. Provavelmente não teriam nos escolhido caso houvesse desconfiança quanto à sua capacidade para acolher esse grande evento. O Brasil já é uma grande economia, tem infraestrutura razoável, já acolhe eventos importantes, como já acolheu em 1992 a Conferência do meio ambiente, realizou a Rio+20 em 2012 e grandes cidades como Recife, Salvador e Rio de Janeiro já realizam eventos que são maiores que a Copa, que recebem mais turistas. Salvador recebe mais turistas no carnaval do que receberá na Copa. Trata-se de aperfeiçoar para fazer o melhor evento possível.

"NÃO HÁ UM PLANO B."

FS:É verdade que São Paulo pode perder a abertura da Copa?

Aldo Rebelo: Eu nunca soube que a CBF tivesse essa intenção. Nunca foi me dito nada nesse sentido. O que posso dizer é que o trabalho está sendo feito para realizar a abertura da Copa do Mundo em São Paulo no estádio do Corinthians. Não há um plano B.

FS:O senhor é a favor da saída de José Maria Marin da presidência da CBF?

Aldo Rebelo: O governo não tem papel legal. A legislação não permite que o governo interfira na escolha de dirigente das entidades. O presidente Marin tem um papel no COL (Comitê Organizador Local), ele é o presidente desse Comitê, que é parceiro do governo. Então vamos trabalhar de forma cooperativa para garantir a realização da Copa do Mundo de acordo com a expectativa de todos.

"MINHA OPINIÃO É QUE O ESPORTE É UMA ATIVIDADE DE INTERESSE PÚBLICO E NACIONAL QUE A LEGISLAÇÃO DEVE RECONHECER PARTE DA RESPONSABILIDADE DO GOVERNO."

FS:O governo gostaria de ter mais influência sobre a CBF?

Aldo Rebelo: Minha opinião é que o esporte é uma atividade de interesse público e nacional que a legislação deve reconhecer parte da responsabilidade do governo. Não para escolher dirigentes, nomear, fazer intervenção, mas para ajudar a estabelecer regras que assegurem a preservação do interesse nacional e público na prática do esporte.

"A PARTICIPAÇÃO DO RONALDO NO COMITÊ ORGANIZADOR LOCAL TEM SIDO BENIGNA."

FS: Como vem sendo a participação de Ronaldo no comitê?

Aldo Rebelo: A participação do Ronaldo no Comitê Organizador Local tem sido benigna. Ou seja, é importante. Ele é uma pessoa querida e uma figura respeitada. Um realizador não apenas como atleta, que se constituiu como maior artilheiro de Copas do Mundo, mas também é bem-sucedido, como empresário na área de promoção esportiva. Eu acho que a presença dele no COL é mais uma presença que ajuda e agrega estabilidade para o Comitê.

"ESSE LEGADO JÁ EXISTE."

FS: Qual o legado que a Copa do Mundo deixará para o país?

Aldo Rebelo: Esse legado já existe. Já há uma geração de empregos para o país, de atração em investimentos públicos e privados. Há também o legado turístico. Amplia a curiosidade do mundo e o desejo de conhecer o país.

(Reportagem de Felipe Araujo)