Falta folha de ponto por causa da lei das domésticas

A folha de ponto está em falta nas prateleiras das papelarias do DF. A previsão é de que em dez dias elas voltem à venda.

Tudo isso, afirmam vendedores, por conta da aprovação da Lei das Domésticas, que determina, no máximo, oito horas diárias detrabalho. Para não se arriscar, os patrõe s se adiantaram e correram às lojas.

“Hoje (ontem) cedo, já tive duas clientes atrás do produto. Realmente, está em falta em toda a cidade. Acho que só daqui a dez ou 15 dias voltaremos a ter as folhas de ponto”, afirma o gerente da ABC Papelaria, Gustavo Henrique de Sousa. Antes da aprovação, havia pelo menos 30 livros das folhas no local. E o valor, que antes estava entre R$ 8 e R$ 10, deve aumentar just amente por causa da procura.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material para Escritório e Papelaria (Sindipel), José Aparecido, conta que após aprovação da PEC, na semana passada, no dia seguinte já aumentou a busca pelo produto. “Quando temos uma novidade como esta, sai todo mundo correndo para se adequar”, complementa.

Na casa da família de Samara Bertin e Paolo Fernandes, as mudanças foram adotadas imediatamente. Um novo contrato formal foi estabelecido e a folha de ponto para oficializar as 44 horas semanais de trabalho está na parede da cozinha, junto ao quadro de anotações. “Eu cheguei a ir a duas papelarias à procura da folha, mas não achei. Por isso, optei por imprimir a tabela que encontrei na internet”, explica o advogado Paolo Ricardo Fernandes, de 39 anos.

A favor da nova lei, Paolo não nega que ocorrerão mudanças. “Teremos que mudar algumas coisas. Por exemplo, a gente tinha um acordo de que a nossa secretária dormisse dois dias por semana aqui, para cuidar do nosso filho enquanto eu e minha mulher saímos. Com a nova lei, tivemos que modificar esses horários”, diz.

Sem querer criar vínculo empregatício, muitos donos de casa optam, agora, por diaristas em vez de mensalistas. Diante disso, o cenário aponta para um decréscimo na busca por contratos acima do salário-mínimo. Algumas pessoas, inclusive, buscam nas empresas especializadas empregadas que cobram diárias mais baixas do que pagavam antes.

Carlos Schmidtz, gerente da empresa Casa e Serviço, que oferece diaristas e mensalistas, avalia que a aprovação da lei ocasionou um “verdadeiro desabamento” na procura por domésticas fixas. “Estamos no nono dia do mês, era para termos, pelo menos, nove contratos firmados, e temos três. A busca pelo serviço caiu 60% aqui”, relata. Tentando alertar os empregadores do que poderia ocorrer, a empresa enviou aos seus clientes modelos de contrato, de folha de ponto e de recibos de pagamento.