Apesar do preconceito, 79 casais gays oficializaram a união

Desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder direitos e deveres da união estável para casais homoafetivos, em maio de 2011, foram formalizados 79 casamentos nos 12 cartórios do Distrito Federal, de acordo com dados da Associação dos Notários e Registradores (Anoreg).

Juntos desde 2011, Enilson Ferreira e Matheus Kalebe temiam a reação das pessoas ao os verem juntos. O primeiro tem 50 anos, o segundo, 20. Ou seja, enfrentam dois tipos de preconceito: de opção sexual e de diferença de idades. Mesmo assim, não desistem dos seus direitos. Andam de mãos dadas em quase todos os lugares.

Kalebe enfrentou o preconceito da própria família, que tem dois pastores evangélicos. Enilson, por outro lado, chegou a romper com a irmã, que numa reunião de família pediu para os dois não demonstrarem afeto em público. Os dois formalizaram união estável em outubro de 2012. Mas eles querem ir além e se casar, de fato. Como teriam que correr com a papelada, marcaram a celebração para a mesma data deste ano.

A celebração do relacionamento de Renata e Cristina ocorreu no cartório da 504 Sul, no dia 17 de agosto do ano passado, depois de quase dois anos de namoro. O medo de sofrerem algum tipo de retaliação é tão grande que o sobrenome das duas foi preservado porque Cristina é professora. Receosas com a reação da direção da escola e dos próprios pais das crianças, elas preferiram não identificar o nome completo. 

Estigma

Cristina acredita que se fosse questionada no ambiente de trabalho sobre sua sexualidade, não esconderia a relação dos colegas, apesar do medo de sofrer com a decisão.