Guantânamo: americanos agridem presos em greve de fome

O fim de semana foi marcado por violência e apreensão frente à greve de fome realizada por um grupo de detentos no campo de concentração situado na base americana de Guantânamo, em Cuba. Os abusos policiais somados às más condições em que vivem os presos resultaram em um confronto no último sábado (15).

Segundo o Pentágono, militares estadunidenses dispararam armas de efeito moral contra os prisioneiros.

O objetivo da ação policial era isolar do convívio comum os que se encontravam em greve de fome, para colocá-los em celas solitárias. A medida, e também a forma agressiva como os militares abordaram os detentos, já fragilizados pela fome, causaram repúdio entre os demais detentos, que partiram para o confronto com os estadunidenses.

A edição desta segunda-feira (15) do jornal americano The New York Times publicou um relato dramático de um dos detentos.


Norte-americanos protestaram em Nova York contra manutenção da prisão de Guantânamo

“Estou em greve de fome desde o dia 10 de fevereiro e perdi cerca de 15 quilos. Não vou comer até que devolvam minha dignidade. Estou em Guantânamo por 11 anos e três meses e nunca fui julgado ou acusado por nenhum crime. Disseram que eu era um guarda de Osama bin Laden. E apenas isso”, afirma um detento de 35 anos que foi preso no Afeganistão por suposta ligação com os ataques de 11 de setembro.

Segundo o relato, oficiais estadunidenses amarram os detentos em camas dentro da prisão e injetaram soro fisiológico à força. “Fiquei amarrado à cama por 26 horas sem poder ir ao banheiro. Me colocaram um catéter, que foi doloroso, degradante e desnecessário”, afirmou.

Segundo informações do jornal espanhol El Mundo, os incidentes aconteceram no pavilhão 6 de Guantânamo, local onde 50 dos 130 presos estão alocados. Segundo uma fonte do Pentágono que pediu sigilo, 41 detentos estão em greve de fome e 11 desses tem sido alimentados à força com soros.

Muitos deles não se alimentam há mais de dois meses em protesto contra a tortura praticada pelos militares. A informação partiu de advogados dos prisioneiros, que alertam para a precariedade da saúde deles, classificada de "extremamente grave".

Com informações do Opera Mundi