Missão Internacional presta solidariedade ao povo palestino

A 2ª Missão Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino chega nesta quinta-feira (18) a Ramallah, na Cisjordânia, Palestina, onde terá reuniões com autoridades nacionais, líderes de organizações sociais e movimentos de resistência palestinos contra a ocupação militar do governo sionista de Israel. O Portal Vermelho acompanha a missão.

Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho

2ª Missão Solidariedade Povo Palestino - Paulo Fanaia

Entre as atividades previstas está a participação, nesta sexta-feira (19), nos protestos de Nabih Saleh e Bil’in contra o muro segregador, que as autoridades israelenses chamam eufemisticamente de “muro de separação”. A estrutura foi alegadamente construída por “motivos de segurança”, mas efetiva a ocupação israelense dos territórios palestinos, separando famílias, e as famílias de suas terras de cultivo ou vilas natais.

Várias entidades da esquerda brasileira fazem parte da delegação, das quais algumas que participaram da 1ª Missão, realizada em 2012 e recebida por representantes nacionais, inclusive pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Mahmoud Abbas.

A organização da visita é do Comitê pelo Estado da Palestina (CEP), que tem o objetivo de “prestar solidariedade ao povo palestino, levar representantes da sociedade civil brasileira para conhecer a realidade da ocupação sionista das terras palestinas, e trazer informações sobre a Palestina, repercutindo nos meios de comunicação do Brasil”, de acordo com o projeto.

Ao total, são 70 entidades nacionais, estaduais e regionais integrando o CEP, que foi lançado oficialmente em agosto de 2011, em apoio ao esforço palestino para o reconhecimento do seu Estado pela ONU (apesar de um histórico muito mais longo de solidariedade). O impulso foi dado por membros do PCdoB, do PT, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Federação das Entidades Árabes de SP, do Brasil e das Américas (Fearab), da Federação das Entidades Árabe-Palestinas do Brasil (Fepal), da Força Sindical, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Lutas pela Paz (Cebrapaz), entre outras, com reuniões frequentes.

Atravessando fronteiras em solidariedade internacional

Ao atravessar a fronteira Rei Hussein (chamada de Allenby pelos israelenses) entre a Jordânia e a Palestina, controlada por Israel, a delegação enfrentou dificuldades diariamente noticiadas sobre a burocracia securitária israelense e experimentou uma pequena amostra do efeito que a ocupação tem na vida dos palestinos que chegam ao território.

Por outro lado, bem recebida por representantes palestinos na Cisjordânia, a delegação dirigiu-se à sede do governo do distrito de Jericó, onde foi recebida pelo governador de Jericó e Al-Aghwar, Majed Al-Fityani, acompanhado de representantes de outros setores do governo local, integrado à Autoridade Nacional Palestina (ANP).

O sociólogo Lejeune Mirhan apresentou a delegação e a missão de solidariedade, expondo as motivações das entidades que apoiam a causa palestina, enquanto membros das organizações e partidos presentes detalharam a atuação de cada um em relação à causa palestina. Entres estes estavam membros do Cebrapaz, do PCdoB, da CTB, da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Paraná, da Força Sindical, entre outros.

A ligação direta e a identificação geral com esta causa por movimentos de resistência e luta, de emancipação e de esquerda marxista, por exemplo, já foi ressaltada extensiva e oportunamente no panorama sobre a "questão palestina".

Neste sentido, as centrais sindicais que representam milhões de trabalhadores brasileiros, assim como partidos históricos da esquerda e movimentos de luta pela paz e pela solidariedade internacional formam a base desta identificação com a causa palestina para a missão.

Em resposta, o governador Al-Fityani também deu declarações sobre a situação palestina e sobre o papel do Brasil, que vem recebendo cada vez maior reconhecimento por sua política internacional.

“O que nós queremos é ter uma vida normal, mas não conseguimos. O que desejamos é poder ter paz, não só para nós, mas também para os nossos vizinhos. Quando a paz for decretada, poderemos viver, cantar e dançar, porque nós palestinos também gostamos da vida”, disse o governador, em menção ao carnaval brasileiro.

Al-Fityani falou da importância de visitar a Palestina para experimentar e reconhecer os efeitos da ocupação israelense, pois “só mesmo estando aqui para saber”.

Entre os eventos recentes que rememoram a ocupação sionista estão a comemoração local dos 65 anos da “proclamação” do Estado de Israel e da Nakba, a "catástrofe" palestina (quando, em 1948, o Estado israelense foi estabelecido sobre as casas palestinas destruídas e às custas da expulsão de milhares de palestinos de suas terras) e o Dia do Prisioneiro, nesta quarta-feira (17), que relembrou o número de 5.000 palestinos, prisioneiros políticos em cárceres israelenses, com greves de fome e protestos diante da prisão militar de Ofer, na Cisjordânia.