Serristas acusam Alckmin de traição e ameaçam deixar o PSDB

Aliados do ex-governador e candidato duas vezes derrotado à Presidência da República, José Serra, acusam o atual governador tucano Geraldo Alckmin de ter se omitido da disputa pelo controle municipal da sigla em São Paulo, que resultou com a derrota do vereador Andrea Matarazzo.

A derrocada da candidatura do vereador –amigo e aliado de Serra– foi provocada por uma articulação de três secretários de Alckmin: José Aníbal (Energia), Bruno Covas (Meio Ambiente) e Júlio Semeghini (Planejamento).

Os três romperam acordo firmado entre o governador, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Andrea, segundo o qual o vereador seria eleito presidente e os demais cargos da sigla seriam divididos entre os grupos de Semeghini, Aníbal e Covas.

Tucanato em guerra

A dissolução do trato se deu durante votação tumultuada. Matarazzo retirou a candidatura e o ex-deputado Milton Flávio, hoje funcionário de Aníbal na secretaria, foi eleito por aclamação.

O vereador deixou o local debaixo de gritos de "traidor" e "judas". Segundo aliados, no auge da crise, Matarazzo telefonou para Alckmin, que não atendeu. "Estranho o fato de um governador manifestar preferência em um processo partidário e três de seus secretários trabalharem no sentido oposto", ironizou o ex-governador Alberto Goldman.

Alckmin chegou a manifestar publicamente apoio a Andrea e determinou que os envolvidos na negociação fossem informados de sua predileção. A manobra teria irritado os secretários.

Preocupados com crise no ninho tucano, qque se agrava a cada dia em função da hegemonia nacional do partido e consequente indicação para disputa das eleições presidenciais de 2014,  alckmistas sustentam que os subordinados "passaram por cima do governador".

O apoio de Alckmin a Matarazzo era visto como um gesto ao grupo de Serra, que estuda deixar o PSDB. Nesta quarta (17), FHC, chamou o episódio de "lamentável". "Havia acordo. Conversei com o governador e ele disse que estava satisfeito, que seria uma divisão de todas as forças."

Matarazzo disse que Alckmin "não interferiu nem por um nem por outro" e insinuou a possibilidade de deixar o PSDB. "É desagradável querer ser sócio de um clube que não te aceita ou te hostiliza." Questionado, Alckmin não se pronunciou.

Fonte: Folha de S.Paulo