Há 131 anos, morria Darwin, pai da teoria da evolução

Dizem as biografias que Charles Darwin tinha um estranho hobby: minhocas. Ele observou esses anelídeos durante 44 anos, o que resultou no último livro do naturalista: A formação da camada vegetal, através da ação das minhocas, com observações de seus hábitos. Por foi esse estranho inglês que em uma viagem de navio formulou uma teoria, hoje apoiada em fatos, e que mudou a forma como vemos a vida, que a perdeu há 131 anos. 

"O homem ainda traz em sua estrutura fisica a marca indelével de sua origem primitiva". 

Charles Robert Darwin nasceu em 1809. O quinto de seis filhos, era neto de Erasmus Darwin, um dos principais intelectuais ingleses do século 18, médico, botânico e famoso poeta. A mãe, Susannah Wedgwood, morreu quando ele tinha apenas 8 anos.

Darwin foi mandado para estudar medicina em Edimburgo, mas não gostava da matéria – ele mal podia ver sangue. Seu pai, Robert Waring Darwin, sugeriu então a igreja como uma alternativa respeitável para a vida do filho. O filho não desgostou da ideia, já que a vida com padre poderia lhe render muito tempo livre para estudar a história natural, seu verdadeiro interesse. Ele foi, então, para o Christ's College, em Cambridge.

Apesar de não ser um estudante modelo, Darwin foi um naturalista amador apaixonado. Coletava insetos e colaborava com seus espécimes para pesquisadores da época. Formou em 1831 e, logo depois, um professor sugeriu o nome do aluno para acompanhar o comandante Robert FitzRoy em uma expedição no HMS Beagle.

A viagem durou cinco anos e resultou em um gigantesco diário de viagem. Durante esse tempo, Darwin estudou geologia e zoologia, principalmente da América do Sul. As notas serviram depois para ele escrever um de seus famosos livros, conhecido hoje como A viagem do Beagle.

Darwin ainda coletou diversos organismos – o que resultou na série de cinco volumes A zoologia da viagem do HMS Beagle – e fósseis. Esses estudos suscitaram diversas dúvidas no cientista: de onde vinham as novas espécies? Por que existiam tantas diferentes espécies no mundo? Por que alguns animais eram tão parecidos, e outros tão diferentes? Se as espécies foram criadas para se adequar ao seu ambiente, por que elas são tão diferentes em selvas da Ásia, África e América do Sul, apesar de o ambiente ser parecido?

Na América do Sul Darwin descobriu fósseis de animais extintos como o megatério e o gliptodonte, em camadas que não mostravam quaisquer sinais de catástrofe ou mudanças climáticas. Naquele tempo Darwin pensava que aquelas eram espécimes similares às encontradas na África mas, após a sua volta, Richard Owen lhe mostrou que os fósseis encontrados eram mais similares a animais não extintos e que viviam na mesma região (preguiças e tatus).

Na Argentina, duas espécies de ema viviam em territórios separados mas compartilhavam áreas comuns. Nas ilhas Galápagos, Darwin descobriu que cotovias (mockingbirds) diferiam de uma ilha para outra. Ao retornar à Inglaterra, foi lhe mostrado que o mesmo ocorria com as tartarugas e tentilhões. O rato-canguru e o ornitorrinco, encontrados na Austrália, eram animais tão estranhos que levaram Darwin a pensar que "Um incrédulo… poderia dizer que 'seguramente dois criadores diferentes estiveram em ação'".

Reação

O livro de Darwin iniciou uma controvérsia pública que ele acompanhou atentamente, obtendo cortes de jornais de milhares de resenhas, críticas, artigos, sátiras, paródias e caricaturas. Críticos foram rápidos em apontar as implicações não discutidas no livro de que "homens fossem descendentes de macacos" ("men from monkeys").

O corpo científico da Igreja da Inglaterra, incluindo os antigos tutores de Darwin em Cambridge, Sedgwick e Henslow, reagiu contra o livro, embora ele tenha sido bem recebido por uma nova geração de jovens naturalistas. Foi quando sete ensaios e resenhas feitas por sete teólogos anglicanos liberais declararam que milagres eram irracionais e atraíram a atenção para si, desviando-a de Darwin.

Os efeitos sociais da teoria evolutiva tem sido consideráveis. Há medida que a explicação científica para a diversidade da vida foi desenvolvida, muitas vezes substituiu explicações alternativas, por vezes muito bem aceites. Porque a teoria da evolução inclui uma explicação da origem da humanidade, teve um impacto profundo nas sociedades humanas.

Alguns têm-se oposto vigorosamente à aceitação da explicação científica devido principalmente às implicações religiosas (por exemplo, pela sua rejeição implícita de "criação especial" dos seres humanos como descrito na Bíblia). Isto levou a um conflito vigoroso entre criação e evolução na educação pública.

Darwin morreu em 1882 e não se tem certeza da doença que o acometeu. Ele foi enterrado na abadia de Westminster, um privilégio para poucos.

Com informações do Jornal do Brasil