Unegro repudia racismo dentro do campus da UFMG

A União de Negros pela Igualdade (Unegro) emitiu nota em repúdio ao trote realizado pelos estudantes do curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os universitários aparecem em cenas registradas por uma câmera fotográfica. Em uma delas, uma jovem aparece pintada de preto e tem uma placa de papel pendurada no pescoço com os dizeres “caloura Chica da Silva”.

As mãos da estudante estão acorrentadas e um rapaz segura a outra ponta da corrente. em outra foto, três jovens, um deles com um pequeno bigode, fazem um gesto típico dos nazistas – a mão esticada para frente – ao lado de um rapaz amarrado a uma pilastra.

Abaixo, a íntegra da nota divulgada no site da entidade:

Nota contra os trotes preconceituosos na UFMG

O que era para ser uma atividade de recepção aos alunos novatos à comunidade universitária e para celebrar uma importante fase de transição da juventude para a fase adulta em seu pleno sentido, tem se tornado um drama com requintes de crueldade, preconceitos e humilhações de diversas tonalidades nas dependências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O episódio recente, o caso da agressão dos veteranos da Faculdade de Direito, reflete um contexto ainda a maior, pois a entrada de negros e negras nas universidades públicas, apesar de ainda ser incipiente, tem provocado a reação de setores elitistas que não aceitam a diversidade étnica e a adoção de políticas afirmativas pelo Estado, por isso, utilizam mecanismos de toda forma para tentar impedir esse avanço civilizatório e histórico no Brasil. Haja vista que em todas as instâncias a adoção de políticas afirmativas saiu vitoriosa, seja no Supremo Tribunal Federal, no Congresso Nacional e, principalmente, entre a esmagadora maioria do povo.

E essa onda afirmativa jogou para cima a qualidade acadêmica dos cotistas e das próprias universidades que adotaram os mecanismos de inclusão social. Ou seja, a “brincadeira” na Faculdade de Direito foi uma atitude machista e racista, que de tão naturalizada e institucionalizada, parece que não tem problema algum. Tem por que o país já não aceita mais brincadeiras e atos com ofensas à honra, à etnia, à sexualidade e que ferem os direitos humanos cujas regras são claras e obrigatórias para todos e todas e cujo desrespeito é punível em cláusulas fixadas pela Constituição, pelo Estatuto de Promoção da Igualdade Racial e pela Lei 7716/1989.

Portanto, a União de Negros pela Igualdade (Unegro) repudia o racismo, o machismo e a homofobia dentro e fora do campus da UFMG e cobra uma punição exemplar para que novos episódios lastimáveis como esses não ocorram mais, principalmente entre aqueles que deveriam zelar pela manutenção dos pétrios e, jamais inegociáveis, valores humanos.
Rebele-se contra o racismo.

União de Negros Pela Igualdade