As festas juninas e o turismo, artigo de Flávio Dino

 

Estou há quase dois anos à frente da Embratur, o órgão do governo federal responsável pela promoção internacional do Brasil. Em todo este tempo, sempre me preocupo em ajudar o crescimento do turismo para o Maranhão, caminho para a geração de empregos e de oportunidades de negócios para centenas de empresas.

Claro que a Embratur tem compromisso com todos os estados, por ser um órgão nacional, mas isso não é impedimento para essas ações específicas em favor do turismo maranhense, sempre de acordo com critérios técnicos. Nesse conjunto de dezenas de ações já realizadas, a reunião que tenho amanhã, na sede da Embratur, em Brasília, será uma das que mais me encherá de alegria. É que receberei secretários e dirigentes da área de turismo e cultura de 12 estados do Brasil, inclusive do Maranhão, para debater a promoção internacional das Festas Juninas.

Se o Brasil é conhecido em vários pontos do mundo como o país do carnaval, nas regiões Norte e Nordeste nosso país é, sobretudo, do arraial. No Maranhão temos a virtude de ter um bom carnaval e maravilhosas festas juninas. Aqui, temos cores, sabores e sons totalmente nossos para os festejos de junho. As toadas do bumba meu boi, com suas matracas, zabumbas, pandeirões e orquestras; o cuxá, a torta de camarão, o arroz maria-isabel; e as multicores das roupas dos brincantes, são mostras vivas da beleza, da diversidade e da força do nosso povo.

Essas vivências estão entranhadas na minha alma, por isso acolhi imediatamente a proposta de realização dessa reunião quando a recebi do professor Francisco Gonçalves, secretário de Cultura de São Luís. Nessa reunião, vamos articular uma ação conjunta com dirigentes dos nove estados do Nordeste – e suas respectivas capitais – além de Tocantins, Amazonas e Roraima que, no Norte, se destacam pelos festejos juninos.

Mas qual a real importância desses festejos para o turismo? Ora, é justamente a diversidade cultural do povo brasileiro o que mais se destaca como diferencial entre tantas pesquisas que realizamos na Embratur todos os anos com estrangeiros. E se essa é nossa marca como país, o que dizer do Maranhão? Há algo mais típico para nos definir a quem não conhece o Maranhão que nossa música, poesia e culinária?

Esses atributos culturais – que fazem a alegria do nosso cotidiano, mas que, muitas vezes, não notamos a sua importância como diferencial em relação a outros povos e regiões – são um dos ativos de imagem mais importantes de um destino turístico. E isso, o Nordeste tem de sobra.

As festas de Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal movimentam a economia da cultura. Se pensamos na ligação com o turismo, aí que a lista de beneficiados diretos se expande, em uma amplíssima cadeia produtiva capilarizada em dezenas de municípios do Maranhão.

Esses ganhos na cadeia produtiva do turismo e da cultura podem se ampliar muito, a partir do fato de a Copa do Mundo de 2014 ser realizada no Brasil justamente concomitante aos festejos juninos, inclusive em quatro sedes nordestinas, entre as quais a vizinha Fortaleza.

Será uma megaexposição que as festas juninas terão, ano que vem, ao serem realizadas exatamente entre os jogos com participação – e portanto, cobertura midiática – do mundo inteiro. E se recebermos, ao menos, 600 mil estrangeiros durante os jogos do ano que vem, quantas notícias, fotos e comentários por Twitter ou Facebook teremos em todo o planeta?

É nisso que aposto, como presidente da Embratur, para todo o Brasil e em especial para o Nordeste. E como maranhense, para meu estado, “berço de heróis” (como diz o nosso hino), inclusive na cultura.

Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal