Governo divulga gastos com publicidade em TVs privadas

Em 2003, primeiro ano do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Globo recebeu 61% de tudo o que o governo gastou com propaganda em emissoras de TV. No ano passado, 2012, o percentual recuou para 44%.

Esta é a primeira vez que o governo revela valores que cada TV recebe pela divulgação das propagandas estatais. Mas não se sabe ainda oficialmente quanto recebem os mais de 5 mil veículos cadastrados para veicular publicidade federal oficial.

A decisão do governo se tornou pública na semana passada, quando o secretário-executivo da Secom (Comunicação Social da Presidência), Roberto Bocorny Messias, publicou artigo no site especializado em mídia Observatório da Imprensa.

A Secom argumenta que o governo faz "mídia técnica" ao escolher os veículos. Por essa razão citou de maneira explícita o caso das TVs.

Queda da audiência e redução de verbas

Em 2003, a Globo teve 61% das verbas televisivas da administração federal e registrava uma audiência de 55,2%. Em 2012, o percentual caiu para 44% e a audiência também recuou para 43,7%.

"A programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo", escreveu Messias.

Além da Globo, a Record e o SBT recebem um percentual compatível com as suas audiências. A Band aparece com 5,4% de audiência, mas quase 9% dos investimentos publicitários. A Rede TV! tem 1,7% no Ibope e 3,53% das verbas.

Os dados sobre gastos publicitários federais começaram a ser compilados com mais precisão a partir do ano 2000. De lá para cá, a TV Globo já recebeu R$ 5,86 bilhões. SBT e Record vêm muito atrás, com R$ 1,63 bilhão e R$ 1,57 bilhão, respectivamente. Hoje, a Record recebe anualmente mais do que o SBT.

De 2000 a 2012, o governo federal gastou R$ 10,72 bilhões para veicular propaganda nas TVs, em valores atualizados, incluindo despesas da administração direta e das empresas estatais.

Outras mídias

No ano passado, o governo gastou R$ 1,80 bilhão em propaganda em todos os tipos de veículos. Esse total é dividido em sua grande parte entre as TVs, com 62,6% do total em 2012. Os jornais impressos, que estavam num confortável segundo lugar em 2000 (21,1%), caíram em 2012 para 8,2%. Revista e rádio ficaram estáveis, na faixa de 7% a 8%. Internet, que representava quase nada em 2000, hoje tem 5,3% do valor total.

Fonte: Folha de S.Paulo