Batista Lemos recebe anistia: “a luta continua” 

Com um pedido formal de desculpas do Estado brasileiro, o presidente do PCdoB do Rio de Janeiro, Batista Lemos, recebeu, em julgamento no Ministério da Justiça, em Brasília, anistia pela perseguição sofrida na época da ditadura militar. “É conquista da luta do povo brasileiro. Muitos morreram, perseguidos e torturados para garantir a democracia no país”, disse o dirigente comunista.

Batista Lemos recebe anistia: “a luta continua”

Segundo ele, é preciso agora aprofundar a democracia com a reforma política que permita a participação de todos no processo eleitoral. Ele, que foi perseguido e demitido por sua atuação sindical na época da ditadura, destaca que é preços fazer a democracia chegar dentro das fábricas porque ela hoje acaba na porta da fábrica pela série de dificuldades para que os trabalhadores se organizem e lutem por melhoria de vida.

Em seu discurso, Batista Lemos lembrou que a ditadura teve um corte de classe e que o sistema ditatorial era financiado e defendia os interesses do capitalismo e do imperialismo. Ele destacou os vários casos – dele e dos companheiros da época – que foram demitidos do trabalho por sua atuação sindical, tendo inclusive caso de trabalhadores algemados e levados presos de dentro das fábricas.

Após o pedido de desculpa – momento mais emocionante do julgamento, Batista disse que “a anistia representa mais um incentivo para continuar na luta pelo socialismo”.

Batista Lemos começou a militância política aos 15 anos no movimento estudantil secundarista. Ele contou que foi detido panfletando nas ruas quando foi decretado o AI-5, mas que era tão pequeno que foi levado para o Juizado de Menores.

Oriundo de família progressista – o pai, dentista Arnaldo lemos, foi vereador por dois mandatos em Jundiaí pelo PSP, “a cidade que o PCdoB elegeu o prefeito nas eleições de 2012”, destacou. “Minha mãe era socialista, mas não sabia”, diz Batista, destacando as características da mãe – “fraterna e solidária”.

O líder sindicalista foi demitido da Wolks na época de greve do ABC paulista que projetou o ex-presidente Lula. Depois de falar em uma assembleia, Batista foi recebido na fábrica por dois guardar que o levaram para o setor de demissões. Três meses depois da greve, ele conseguiu emprego na Mercedes onde, aos poucos foi tentando organizar os trabalhadores. Antes de conseguir formar a chapa que concorreria as eleições do sindicato, foi também demitido da Mercedes. Depois disso, ele lembra que não conseguiu mais arrumar emprego na região do ABC.

Depois da redemocratização do país, ele se engajou na luta política para eleição de Lula como dirigente do PCdoB, onde permanece até hoje. Ele diz que a luta vale a pena, que após a eleição de Lula e agora Dilma Rousseff houve muitas conquistas políticas e sociais, mas que é preciso aprofundar a democracia e insistir na luta pelo socialismo.

De Brasília
Márcia Xavier