PCdoB debate crise do capitalismo e geopolítica internacional

Entender os impactos da crise do capitalismo e a dinâmica da geopolítica internacional. Essa foi a tônica da mesa de encerramento do Seminário ‘Balanço de uma década de governo democrático e as bases de uma nova arrancada’, que foi realizado, entre os dias 4 e 5 de maio, em São Paulo, pela Fundação Maurício Grabois em parceria com o Partido Comunista do Brasil.

Joanne Mota, do Portal Vermelho em São Paulo

Luiz Gonzaga Beluzzo durante explanação sobre os impactos da crise.


A mesa de encerramento, que foi coordenada por Sérgio Barroso, diretor da fundação Mauricio Grabois, contou com a participação de Luiz Gonzaga Beluzzo, economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp); Renildo Souza, professor de economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Luis Fernandes Lima, cientista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ); Ricardo Alemão Abreu, secretário Relações Internacionais do PCdoB.

A partir de uma ampla exposição de dados e o esquadrinhamento dos principais conceitos, Gonzaga Belluzzo e Renildo Souza explicaram as etapas da crise econômica, os níveis de agressão nos países atingidos, as decisões tomadas pelas nações hegemônicas e os impactos dessas decisões no desenvolvimento dos países explorados.

Geopolítica e a crise econômica

Durante sua fala, Luis Fernandes Lima refletiu sobre a geopolítica e destacou que, atualmente, esse tema assumiu um novo papel na dinâmica mundial. Segundo ele, “dois processos estruturantes e entrelaçados ganham força e marcam a atual transição. O primeiro foi o fim da guerra fria, com o colapso do campo socialista; e segundo, o fortalecimento do modelo neoliberal nas décadas finais do século XX, associado a intensificação dos processos de desenvolvimento desigual no mundo, desenvolvimento aqui entendido a partir da chave de esquerda de Lênin, a partir de sua teoria do imperialismo”.

"Vivemos um momento de transição, marcado pela erosão da hegemonia americana", explica Fernandes Lima.

Fernandes acrescenta que “vivemos um momento de transição, marcado pela erosão da hegemonia americana. Mas que fique claro, não significa o enfraquecimento dos Estado Unidos". E lembra que a crise emerge dos processos criados pelos Estados Unidos e as nações parceiras.

Socialismo no século 21

O secretário de Relações Internacionais, Ricardo Alemão Abreu reforçou a discussão ao refletir sobre a luta rumo ao socialismo. Ele pontuou as contribuições essenciais da frente anti-imperialista no mundo no embate aos impactos da crise.

Alemão também ponderou que as crises, em muitos momentos da história quando não em todos, deram origem a guerras sangrentas e de dimensões gigantes. E alertou que esse sempre foi a receita prática da nações imperialistas para combater as crises.

“Existe uma verdadeira organização para legitimar os processos de guerra e a mídia internacional joga um papel estratégico nesse processo. Essa mídia conservadora e golpista demoniza as nações que se opõem ao modelo hegemônico, basta ver como ela descreve a Coreia Popular e a Síria”, denunciou.

América Latina

Sobre o papel jogado pela América Latina, o dirigente comunista ressaltou como as mudanças ocorridas nos últimos 15 anos, tornaram a América Latina um espaço fértil para a construção de um modelo alternativo ao que está aí. Como exemplo, ele citou o papel da Venezuela de Hugo Chávez neste processo.

“Internacionalismo proletário e as amplas alianças são fundamentais para fazer frente a atual conjuntura, seja para se opor as investidas imperialistas, seja para propor um modelo alternativo ao apresentado pelas nações neoliberais. Trata-se de retomar a luta pelo socialismo no século 21”, disse ao Vermelho, o dirigente

Alemão defende que “é chegada a hora de pensar em um projeto de desenvolvimento nacional que tenha como único foco a transição para o socialismo, com a cara no nosso país. Ou seja, não podemos implementar uma cópia do que já ocorre em outras nações, mas sim olhar para nossa realidade e construir, através de uma amplo debate, um socialismo com a cara do Brasil. A estratégia de rumo ao socialismo deve estar presente nos projetos nacionais da América latina e Caribe, e essa integração deve ser fortalecida”.

Homenagem à Hugo Chávez

Rendeu homenagem ao comandante Hugo Chávez, que foi aplaudido por todos os presentes, não só por sua contribuição à Venezuela, mas também pelo grande líder de dimensões mundiais e de sua postura firme na luta pela paz, pela soberania e igualdade entre os povos.