Argentina: expropriar Papel Prensa para democratizar papel jornal

Um grupo de deputados favoráveis ao governo da presidenta Cristina Kirchner apresentou, na quinta-feira (9) um projeto de lei para expropriar 24% das ações da fábrica de papel de jornal do país, a Papel Prensa. Assim, o Estado argentino, que tem 27,46% das ações da empresa, passaria a contar com 51,46%. Desde 2010, a produção, comercialização e distribuição de papel-jornal em toda a Argentina é considerada de interesse público.

Papel Prensa - Telám

Hoje, o Grupo Clarín possui 49% das ações, o jornal La Nación, 22,49%, a agência estatal Télam, 0,62% e o restante (0,43%) está nas mãos de sócios minoritários. A Papel Prensa abastece 75% do mercado argentino de papel-jornal e fornece o produto para 172 empresas jornalísticas em todo o país.

“A atual produção de papel não chega a satisfazer a demanda dos jornais da Argentina. Há um grande déficit. Neste sentido, é necessário que a Papel Prensa realize vultuosos investimentos, mas não acredito que a atual condução a cargo dos diários Clarín e La Nación queira fazê-las”, afirmou, ao jornal Página/12 o secretário da entidade Diários e Periódicos Regionais Argentinos (Dypra), Jorge Conalbi. Para ele, a medida proposta é necessária para resolver a falta de estoque e os problemas de financiamento dos jornais de todo o país.

De acordo com o governo, os dois principais jornais do país adquiriram as ações da empresa, em 1977, após a tortura de Lídia Papaleo de Graiver, viúva do antigo dono da empresa, o banqueiro Daniel Graiver. No informe “Papel Prensa: a verdade”, é detalhado, por meio de documentos históricos e declarações de testemunhas, os mecanismos utilizados pelos jornais Clarín, La Nación e La Razón, juntamente com integrantes da ditadura, para ficar com as ações da empresa que estava em poder da família Graiver.

Da Redação do Vermelho,
com agências