Brasil oferta 289 blocos para exploração e produção de petróleo 

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) dá início nesta terça-feira (14), à 11ª Rodada de Licitações de Blocos, cinco anos depois da última rodada realizada em 2008. Estão sendo ofertados para exploração e produção de petróleo e gás natural 289 blocos, em 23 setores, no total de 155,8 mil quilômetros quadrados (km²).

Estão habilitadas 64 empresas para participar da rodada, que termina na quarta-feira (15) e vai ofertar 123 blocos em terra e 166, no mar – 94 em águas rasas e 72 em águas profundas – distribuídos em 11 bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano Sul.

Nesta rodada, a ANP procurou promover o conhecimento das bacias sedimentares, com destaque para a margem equatorial do país; e os blocos em terra objetivando trazer para a indústria do petróleo um número cada vez maior de pequenas indústrias.

A margem equatorial do Brasil terá presença marcante na rodada, com reflexos no Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte – formada pelas bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, todas de nova fronteira exploratória.

A ANP lembra que a região apresenta potencial petrolífero altamente promissor, caracterizado pelas descobertas comerciais e subcomerciais nas bacias do Ceará, Pará-Maranhão e Potiguar. Segundo a ANP, os óleos identificados nessas bacias são leves e de excelente qualidade (de até 44° API – medida de desnsidade). Para os técnicos da agência, as recentes descobertas na costa oeste africana, nas bacias de Gana e Costa do Marfim, análogas às bacias da margem equatorial brasileira, dão indicativo do potencial brasileiro.

Também serão oferecidos blocos em áreas maduras, onde já houve ou estão em curso atividades de exploração e produção de óleo e gás. Esses blocos estão nas bacias de Sergipe-Alagoas, Recôncavo e na porção terrestre da bacia do Espírito Santo.

Dentre as habilitadas estão empresas ainda em fase de crescimento no setor, como a OGX Petróleo e Gás, a Queiroz Galvão Exploração e Produção e a PetroRecôncavo. ao lado de gigantes como a Petrobras, a Repsol Sinopec Brasil, a Shell Brasil Petróleo e a Chevron.

Há empresas habilitadas de 18 países, dentre os quais os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá, a Espanha e o Japão. O Brasil é o país com o maior número de empresas habilitadas.

Descentralização da atividade petrolífera

Ao optar pela licitação de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural em regiões situadas na margem equatorial do país e em campos maduros terrestres no Norte e no Nordeste do Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) buscou “a descentralização geográfica da atividade exploratória", além de intensificar a inserção das pequenas e médias empresas na indústria brasileira do petróleo e gás natural.

Segundo o diretor da ANP Helder Queiroz, a atividade exploratória no país sempre priorizou a busca de óleo e gás na Região Sudeste, especialmente nas bacias de Campos, Santos e do Espírito Santo – onde estão concentrados mais de 90% do petróleo e gás natural produzidos atualmente no país.

Queiroz afirma que a expectativa da ANP é que a rodada de leilões seja um sucesso do ponto de vista da venda de áreas e da diversificação de operadoras. “As perspectivas são bastantes otimistas até porque há já algum tempo não se faz leilão no país e as empresas de petróleo vivem de um bom portfólio de áreas exploratórios para dar sustentação aos seus negócios. Com essa interrupção das licitações no país, aumentou o interesse e o apetite por esta nova rodada."

Para ele, a necessidade de descentralizar regionalmente a atividade levou à opção da agência reguladora pelas regiões Norte e Nordeste. “A maioria dos 289 blocos que serão ofertados nesta rodada estão nessas duas regiões, beneficiando estados como o Amapá, o Pará, o Maranhão, o Piauí, o Ceará, o Rio Grande do Norte e Pernambuco, além das bacias maduras e já conhecidas em terra como a Potiguar.”

Na avaliação do diretor da ANP, o fato de a rodada não ter um foco específico em termos de oportunidade, uma vez que abrange empresas de pequeno, médio e grande portes, faz com que seja um leque de novas oportunidades para a indústria. “Essas duas características – descentralização regional e diversidade de atrações de oportunidades – caracterizam a rodada e fizeram com que ela tivesse grande atratividade traduzida no número recorde de [empresas] habilitadas.”

A expectativa maior é com a área da parte equatorial da rodada. “Pode-se dizer que esses blocos na parte equatorial sejam o filé desta rodada. São os blocos situados ali da costa da Bacia do Ceará até o Amapá”, afirma.

Sobre as vantagens dessas bacias, Queiroz cita como exemplo o sucesso exploratório obtido pelas empresas internacionais em oportunidades geológicas análogas do outro lado do Atlântico, na África. “E aqui, na parte equatorial, há blocos com condições geológicas semelhantes do ponto de vista da formação geológica – especialmente com as dos blocos exploratórios da Costa de Gana. E a gente sabe que os dois continentes há milhões de anos estavam ligados, daí essas similaridades geológicas muito grande”.

Ele destacou também as áreas situadas na Foz do Amazonas, especialmente aquela bem ao norte do Amapá, perto da fronteira com as Guianas, onde recentemente foram feitas descobertas interessantes a 50 quilômetros da fronteira brasileira. “Isso tudo vem motivando as empresas que sabem que o sistema petrolífero encontra-se ativo”.

Fonte: Agência Brasil