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Rádio Vermelho: uma experiência bem sucedida, diz Cannabrava

Jornalista com 56 anos de experiência no Brasil e no exterior, Paulo Cannabrava Filho percorreu a América Latina fazendo comunicação e política nos anos em que o continente viveu sob as tormentas das ditaduras militares. Hoje, dirige uma publicação virtual que herda, com ele, o legado dos “Cadernos do Terceiro Mundo”. Em entrevista à Rádio Vermelho, ele aponta a vocação da imprensa alternativa de dar voz aos protagonistas da história.

Por Vanessa Silva, para a Rádio Vermelho

 Criada em 1974 na Argentina por jornalistas que combatiam os regimes ditatoriais em seus países, a revista Cadernos do Terceiro Mundo ajudou na formação intelectual de muitos militantes de esquerda no Brasil. Durante a entrevista concedida à Rádio Vermelho por ocasião de seu 1º aniversário, o jornalista considerou que “os Cadernos do Terceiro Mundo não foram pioneiros como imprensa alternativa, mas entraram em uma área cujo público era ávido por informações sonegadas pela mídia” e pontuou que “é impossível no mundo de hoje repetir o que foi o Cadernos do Terceiro mundo, uma revista impressa distribuída em mais de 40 países”.

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Segundo Cannabrava, a publicação “dava voz aos protagonistas dos fatos. Acho que continua faltando no nosso meio espaços que deem voz aos protagonistas”, considerou para em seguida ressaltar o papel desempenhado pelo Portal Vermelho: “hoje existem alguns meios nesta linha. E você conversa comigo de um deles”.

Democratização da Comunicação

Bandeira de todos os comunicadores comprometidos com o futuro do Brasil, a democratização da comunicação não precisa de uma nova lei para virar realidade no Brasil. “basta aplicar as leis. Com elas, você desfaz o monopólio da Globo e democratiza a comunicação. A lei está aí. Mas precisamos de uma grande mobilização da sociedade organizada para que elas sejam cumpridas. Porque por vontade do governo elas não estão sendo cumpridas”.

Comunicação operária

Em 1974, em São Paulo, foi criado outro experimento, desta vez de comunicação com foco nos trabalhadores. A Rádio Marconi, da qual Cannabrava participou, era uma exceção, uma voz dissonante à imprensa que, por exemplo, apoiava a Guerra do Vietnã. “Ela foi a única emissora de oposição à ditadura que existiu no país. Uma rádio dirigida para os interesses da classe operária, tudo que era de interesse popular, as reivindicações dos sindicatos”.

Para os internautas do Portal Vermelho, Cannabrava conclama à luta para a democratização da comunicação: “tem que se mobilizar para exigir que se cumpra as leis no país e possa avançar com o objetivo de democratizar a comunicação”.