Gustavo Alves: 1 ano da Rádio Vermelho e muito para comemorar

Há muito que comemorar neste primeiro aniversário da nova fase da Rádio Vermelho. A ampliação da ação do Portal Vermelho para além dos textos, é uma conquista da equipe do portal, mas é também uma conquista na luta pela democratização da Comunicação no Brasil. Pode parecer exagero, ou ufanismo, mas esta afirmação tem um grande lastro.

Por Gustavo Alves*, para o Portal Vermelho 



O debate sobre a necessidade da construção de um grande veículo de comunicação progressista esteve na pauta do PCdoB em todos os congressos, encontros e ativos. É consenso que a comunicação cumpre um papel estratégico na construção das condições reais para a mudança social no nosso país. Lênin já destacava este caráter em 1901, num artigo intitulado "Por onde começar".

A construção do Portal Vermelho, aproveitando-se da nova realidade trazida pela internet, trouxe um novo paradigma. Os milhares de leitores do Vermelho, e a inédita capacidade de reprodução e disseminação de conteúdos trazida pela rede mundial de computadores, alçaram o debate político a um novo patamar.

Hoje, as informações independem apenas dos veículos da grande mídia para circularem. Episódios como a "bolinha de papel" de José Serra são desmascarados em horas.
Não é à toa, que alguns pré-candidatos como a ex-senadora Marina Silva e o tucano Aécio Neves atacam a militância nas redes, afirmando que são "pagos" pelo governo.

Desse modo, a construção de inverdades, de um "Plano Cohen" ou uma "carta Brandi" seriam muito mais difíceis, como foi a tentativa de consolidar a falsa ficha policial da presidenta Dilma. Mas nosso país continua capitalista, injusto e com a comunicação social entregue à poucas famílias donatárias das capitanias midiáticas.

Ainda enfrentamos a falta de financiamento, a falta da regulamentação dos artigos da Constituição que tratam da comunicação, a falta de apoio de setores do parlamento e mesmo uma grande incompreensão do papel da mídia em setores progressistas.

Incompreensão em termos, pois uma espécie de "síndrome de Estocolmo" afeta afeta muitas lideranças políticas e dos movimentos sociais. Ou seja, vivem em constante medo de serem alvos da grande mídia, ao mesmo tempo em que sonham partilhar da sua simpatia e apoio.

Portanto, a luta pela ampliação da comunicação democrática continua na pauta do dia. E a construção da Rádio Vermelho e da TV Vermelho são um passo além nesta luta. Caminhamos a passos largos na conjugação e entrelaçamento das mídias, o acesso à internet pelos televisores e celulares é uma realidade para milhões de brasileiros. O Vermelho avança na medida em que disponibiliza conteúdos para estas novas plataformas.

Tive a oportunidade de participar das primeiras experiências da Rádio Vermelho em Brasília, onde produzíamos entrevistas e até mesmo um jornal matutino a partir de materiais das agências de notícias.

Foi um pequeno tatear nas imensas possibilidades de irmos além dos textos e fotos. Possibilidades que agora se tornam realidade com esta nova fase, com a transmissão online de conteúdo jornalístico e também cultural.

Mas não se trata apenas de mais uma ferramenta. A Rádio e a TV permitem o compartilhamento de seus conteúdos de forma gratuita e integral. Permitem que os milhões de internautas possam se apropriar e também compartilhar seus materiais. Este é um dos grandes diferenciais do Vermelho.

O debate multidirecional, plural e ao mesmo tempo com uma construção coletiva, é a alma das redes sociais, e é nesta fonte que o Vermelho se alimenta. Muito da comunicação pública hoje em debate no país se referencia em experiências como o Vermelho, sua rádio e sua TV. 

A iniciativa de construir um espaço de debate amplo rendeu muitos frutos. E a efetiva democratização da comunicação, mesmo com toda sorte de dificuldades, é construída com o Vermelho, sua rádio e sua TV.

*Gustavo Alves é jornalista e coordenador adjunto de jornalismo da FM Cultura/RS.