Curuguaty: Juíza paraguaia reavalia violência contra camponeses

A juíza penal do Paraguai Rosa Ríos deverá decidir nesta terça-feira (4) se aceita as acusações da promotoria contra 14 campesinos presos há mais 11 meses pelo violento desalojo policial em terras de Curuguaty. Em 15 de junho de 2012 mais de 300 agentes armados invadiram o assentamento de lavradores nesta região, a 199 quilômetros da capital Assunção, e em um incidente ainda sem esclarecimento morreram 11 campesinos e seis policiais.

Curuguaty - Jan Rocha

Nesta audiência preliminar, o promotor Jalil Rachid, imputado sem êxito por organizações campesinas, já que é parente e amigo de latifundiários na região, pede fortes condenações para os encarcerados por invasão de propriedade privada e tentativa de assassinato.

Se a juíza aceitar as acusações convocará a um julgamento oral e público, e teria que rechaçar então a petição da defesa, que reivindicou a investigação, primeiro, dos terrenos cenário dos fatos, para comprovar se são estatais, o que derrubaria a tese da suposta invasão.
Um elemento interessante sobre o tema registrou-se nesta segunda-feira (3), depois de suspensa a sessão inicial da audiência, ao se pronunciar sobre o assunto Juan Carlos Ramírez, presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra.

Ramírez afirmou que as terras em questão pertencem ao Estado, apesar da sua atual ocupação, ilegal sob todas as luzes, pela empresa Campos Morombi, da família de um político do Partido Colorado já falecido.

Ou seja, segundo os argumentos da defesa, os verdadeiros invasores são os mencionados familiares do político, e não se pode por esse delito os campesinos sem-terras assentados.

Durante a véspera, os lavradores acusados receberam a visita de uma delegação daa Liga Argentina pelos Direitos Humanos, acompanhada por legisladores da Frente Guasú eleitos nos recentes comícios, para expressar a sua solidariedade.

Igualmente, conheceram a carta enviada a todos os Poderes do Estado paraguaio por um grupo de personalidades latino-americanas encabeçadas pelo Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e pela ex-senadora colombiana Piedad Cordoba, entre outros.

A missiva reclamou a liberação imediata dos 14 campesinos e uma investigação independente do sucedido em Curuguaty, ante as versões de que o tiroteio foi iniciado por franco-atiradores desconhecidos, com armas automáticas.

As personalidades pediram ainda o esclarecimento das execuções extrajudiciais, torturas e perseguições dos campesinos, 40 dos quais seguem prófugos por receio de perder suas vidas.

Fonte: Prensa Latina
Tradução da redação do Vermelho