Protesto de estudantes sofre repressão da PM; novo ato hoje

Protestos de estudantes contra o aumento das tarifas no transporte público terminaram em tumulto. Em São Paulo, onde a tropa de choque foi acionada para retirar 6 mil manifestantes que ocupavam a Avenida Paulista. O uso excessivo de gás lacrimogêneo e balas de borracha pela Polícia Militar é um dos principais assuntos nas redes sociais nesta sexta-feira (7), onde começou a mobilização. Novo ato está marcado para hoje.


Protesto ocupa Vale do Anhangabaú no início da noite/foto: Ninja

Na capital paulista, um dos artefatos de gás lácrimogêneo foi parar dentro de um carro que estava parado no trânsito e um dos ocupantes chegou a desmaiar e foi socorrido pelo Samu.

"Jogaram bombas de gás e não consegui subir até a parte de cima da ponte. Minha vista pegou fogo e ferrou minha lente de contato no olho direito. Estava caminhando e um policial me jogou contra a parede. Gritando, perguntou se eu joguei pedras no carro policial… Eu disse que não (como de fato não fiz) e ele berrou que sim, que não estava jogando, mas que ele tinha certeza que joguei… Fascistas…", diz um dos manifestantes no Facebook.

De acordo com o movimento Passe Livre, que organizou os atos, pelo menos 30 ficaram feridos por balas de borracha e estilhaços de bombas de gás lacrimogênio. Há informa de que dois policiais se feriram atingidos por garrafas. Além de estudantes, também integraram os protestos trabalhadores e dirigentes sindicais, muitos presos durante o protesto. De acordo com a PM, 15 foram detidos como suspeitos de causar danos.

A polícia justificou que usou gás lacrimogêneo para dispersar os participantes do protesto. O confronto teria começado depois que uma parte dos manifestantes atearam fogo em cones usados para organizar o tráfego no local.

O protesto começou por volta das 18 horas, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, na região central. Depois, seguiram para a Avenida 9 de Julho. De lá, seguiram para a Avenida 23 de Maio até chegar à Paulista. Antes disso, no Vale do Anhangabaú, uma catraca foi incendiada. A essa altura, lideranças do movimento contam que ficou difícil controlar os milhares de manifestantes.


Na Paulista, a Tropa de Choque atira balas de borracha a todo instante contra os manifestantes/foto: Ninja

O grupo foi perseguido pela polícia durante todo o tempo, até chegarem na Paulista. Pela TV, ao vivo, era possível ver que homens da tropa de choque disparavam balas de borracha a todo momento. Parte dos manifestantes procuraram abrigo em um grande shopping da região. O Choque cercou o local, forçando a saída dos manifestantes, que regressaram para a avenida Paulista.

O movimento Passe Livre se mobiliza há alguns anos pela defesa de um transporte público gratuito. Nestes protestos, eles exigem a redução da tarifa do transporte público na cidade. Desde domingo, a tarifa dos ônibus passou de R$ 3 para R$ 3,20, um reajuste de 6,7%. De acordo com os governos do estado e do município, bem abaixo da inflação acumulada no período.

Também há registros de atos e conflitos entre manifestantes e Polícia Militar (PM) em Natal, Goiânia e Rio de Janeiro.

Novo protesto


foto: Daniel Moniz na página do "Grande ato contra o aumento da passagem"

Na página do ato intitulado "Grande ato contra o aumento da passagem" há uma convocação de militantes para um novo protesto nesta sexta (7), com concentração às 17h, em frente ao Metrô Faria Lima. Eles devem ocupar todo o Largo da Batata, em Pinheiros. "A luta continua até a tarifa cair!",avisa o movimento.

Da redação do Vermelho com agências