O esporte nacional do gol contra

*Por Aldo Rebelo

Copa - Torcida

Numa quadra fecunda em que o Brasil encanta o mundo, é doloroso observar que analistas estrangeiros são mais compreensivos com o nosso país do que os estudiosos nacionais – incluindo nessa categoria os chamados “formadores de opinião”. É verdade que as exceções de ambos os lados. Tivemos grandes intérpretes pessimistas, como Silvio Romero, Capistrano de Abreu, Euclides da Cunha, Paulo Prado, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Junior, ao par de entusiastas da formação social brasileira, como Manuel Bonfim, Gilberto Freire e Darcy Ribeiro. Mas o prato do balança mais favorável ao Brasil está no exterior.

Os viajantes de curiosos observadores a naturalistas renomados que palmilharam o território nacional, sobretudo no século 19, foram pródigos em enaltecer as virtudes, não deixando de registrar com equidade nossas deformidades. No século 20, tivemos entre tantos, o testemunho arrebatado do austríaco Stefan Zweig, cuja inteligência poderosa nos legou a obra profética “Brasil- país do futuro”.

Embora boa parte do catastrofismo tenha inspiração ideológica e até partidária, e assim, os críticos selecionam o que desdenhar segundo a conjuntura política, é visível a opção por uma espécie de pessimismo voluptuoso. O brasilianista americano de Yale, deu uma pista deste método analítico, derrotista, em entrevista à revista “Veja”. “O pesquisador americano procura no passado o que deu certo na sua história. Já o historiador brasileiro busca o que deu errado”.

O país está em marcha para um belo porvir, mas as cassandras focalizam e até superdiomensionam os problemas que resistem há cinco séculos de civilização. Nesses dias em que entramos no foco do mundo, mais uma vez pelo futebol, é auspicioso constatar que o Brasil sai-se melhor que seus detratores.

*É Ministro do Esporte e deputado federal licenciado pelo PCdoB-SP

Fonte: Diário de S. Paulo