Comissão cobra demissão do filho do comandante do DOI-Codi do Rio

O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, defendeu a demissão do diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham. Ele é filho do general da reserva José Antônio Nogueira Belham, que comandou o DOI-Codi do Rio na época em que o ex-deputado federal Rubens Paiva foi assassinado, após ser preso e levado para o departamento.

 “Ainda que ele nada tenha a ver com os episódios, hoje sob investigação, de torturas e desaparecimentos ocorridos à época da ditadura, a suspeição é evidente pelas funções que exerce atualmente”, disse Damous.

Para ele, Belham tem acesso a informações privilegiadas sobre a época em que o pai atuava como dirigente do DOI-Codi do Rio, conhecido como um dos órgãos de repressão mais fortes da ditadura. “Não temos que estigmatizá-lo por ser filho do general, mas a posição que ele ocupa cria a suspeição.”

O escritor Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado, cujo corpo continua desaparecido até hoje, questiona a posição de destaque do filho de Belham na estrutura da agência. “Causa-me desconforto e estranheza saber que ele é filho do general Belham, mesmo que seja isento. Como, numa posição de destaque na Abin, ele vai facilitar a revelação de informações secretas que comprometam o pai?”, justifica.

Fonte: Correio Braziliense