União Africana, FAO e Instituto Lula unem esforços pela África

A Comissão da União Africana (AUC), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto Lula estão somando esforços para erradicar a fome e a desnutrição na África. As três entidades realizarão um encontro de alto nível com líderes africanos e internacionais intitulado “Novas abordagens unificadas para erradicar a fome na África ”. 

O evento acontecerá em Adis Abeba (Etiópia), sede da União Africana, nos dias 30 de junho e 1º de julho de 2013.

A decisão foi tomada em conjunto entre a presidenta da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini Zuma, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é presidente honorário do Instituto que leva seu nome. A parceria é baseada na visão comum de que uma África sem fome é possível e que esforços concentrados podem alcançar melhorias significativas na segurança alimentar e nutricional do continente africano. Atualmente, 239 milhões de africanos – cerca de um quarto da população – vivem em situação de insegurança alimentar e nutricional.

“A segurança alimentar é uma das prioridades-chave da União Africana. A África tem o potencial para aumentar sua produção agrícola, já que quase 60% das terras aráveis do continente ainda não são utilizadas. Esse enorme potencial pode fazer uma diferença significativa na melhora de nossa produção agrícola e segurança alimentar. É hora de ir além da agricultura de subsistência e considerar caminhos para embarcar em uma produção agroindustrial”, afirma Dlamini Zuma. “O milagre é permitir que os pequenos tenham acesso a crédito e a tecnologia. Nós queremos que as pessoas aprendam que, com crédito e tecnologia, elas vão produzir mais, comer mais, vender mais e terão recursos em caixa para ter acesso a bens e cuidar melhor das suas famílias”, completa Lula.

Para Graziano, “a construção de uma alimentação e nutrição seguras na África com segurança alimentar e nutricional requer uma melhor governança, vontade política renovada e um forte comprometimento de trabalhar conjuntamente através de programas inovadores e abrangentes de segurança alimentar e nutricional e de estratégias envolvendo todas as partes interessadas. Segundo ele, esse é um esforço conduzido pela África, com o apoio de parceiros, como a FAO e o Instituto Lula.

Programação

O encontro será dividido em duas fases. No primeiro dia haverá uma reunião técnica de troca de experiências, com objetivo de facilitar a apropriação por parte dos países africanos, seus governos e a sociedade organizada, das experiências exitosas no Brasil e em outras nações. Seis países – quatro africanos (Etiópia, Malauí, Níger e Angola) e três não-africanos (Brasil, Vietnã e China) apresentarão seus programas de combate à fome e à desnutrição.

No dia seguinte ocorrerá o encontro de chefes de Estado. Os líderes presentes devem assinar uma “Declaração Final” que expressa o compromisso político de promover e conjugar os esforços africanos e internacionais para combater a fome. Também será definida uma ação conjunta imediata a ser levada a cabo numa região específica de África. O ex-presidente Lula estará presente nos dois dias.

O combate à fome na África

Uma nova era de otimismo surgiu em relação ao continente africano. Depois de décadas de declínio, a perspectiva econômica do continente melhorou consideravelmente, com um crescimento médio do seu PIB de 5 a 6% ao ano e a expectativa é de continuar em alta.

Porém, mesmo com esses avanços, ainda existem na África cerca de 239 milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar, o equivalente a um quarto de sua população total. Apenas na região do Sahel são quase 19 milhões de pessoas com fome e no chamado “Chifre da África”, outros 12 milhões de africanos encontram-se nas mesmas condições. Hoje, entre 30 e 40% das crianças menores de cinco anos continuam a sofrer de desnutrição crônica.

Na última década, o aumento global do preço dos alimentos, que cresceu três vezes mais rápido do que a inflação, colocou ainda mais africanos em situação de insegurança alimentar. O numero de pessoas desnutridas na África aumentou de 175 milhões em 1990-92 para 239 milhões em 2010-2012, de acordo com a FAO.

Até 2050, a população africana deve dobrar de tamanho, aumentando ainda mais a preocupação em relação à segurança alimentar. Para combater a fome e as desigualdades sociais, a União Africana aposta no desenvolvimento agrícola. Os níveis do produtividade da agricultura no continente são extremamente baixos devido à falta de tecnologia e de insumos básicos. Apenas 4% das terras aráveis na África Subsaariana são irrigadas – contra 20% no mundo. Apesar disso, 60% das terras férteis não cultivadas do mundo encontram-se na África.

Para aproveitar esse imenso potencial, a União Africana elaborou o Programa Integrado de Desenvolvimento Agrícola (CAADP), um plano estratégico de longo prazo que tem como meta ajudar os países a alcançar maiores patamares de crescimento econômico por meio do desenvolvimento baseado na agricultura. Os governos africanos se comprometeram a aumentar o investimento público na agricultura, alcançando um mínimo de 10% dos orçamentos nacionais e aumentar a participação da agricultura para, no mínimo, 6% do PIB. Hoje, 30 nações são signatárias do acordo.

Fonte: Instituto Lula