Snowden: Há anos os EUA fazem ataques cibernéticos à China

O ex-técnico da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), Edward Snowden, que fez importantes revelações acerca dos programas de espionagem de Washington através da internet, dá outro passo importante e afirma ter provas que mostram que os Estados Unidos há anos espionam a China, um de seus principais rivais. As informações foram publicadas nesta quarta-feira (12) pelo jornal South China Morning Post, de Hong Kong.

Edward Snowden - Bobby Yip/Reuters

De acordo com o antigo funcionário da CIA, em entrevista ao jornal, tanto a China como Hong Kong são há anos alvo das denominadas “operações de ataques cibernéticos” da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA, na sigla em inglês).

Snowden revelou a maneira como opera a NSA, que lança um ataque cibernético à “espinha dorsal” das redes, uma técnica que a permite ter acesso às comunicações de centenas de milhares de computadores para não ter que espionar um a um.

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Isto ocorre enquanto Washington, em maio passado, acusou diretamente a China de realizar ciberataques contra seus sistemas informáticos e assegurou que mais de 90% da 'ciberespionagem' aos Estados Unidos têm origem no país asiático.

Snowden também sustentou que a NSA lançou mais de 61 mil operações de ataques cibernéticos globalmente, dos quais centenas destinavam-se contra objetivos situados na China e em Hong Kong, onde se encontra atualmente o estadunidense responsável pelos recentes vazamentos de documentos sensíveis acerca do ato de espionagem norte-americano nas comunicações.

O ex-funcionário da CIA, que se fez chamar de “Verax” (a palavra latina que descreve um “relator da verdade”), vazou para o jornal estadunidense The Washington Post e o britânico The Guardian informações sobre as agências federais estadunidenses e sua espionagem a milhões de cidadãos, com detalhes sobre o programa.

Sobre sua presença em Hong Kong, Snowden disse: "Não estou aqui para fugir da justiça, estou aqui para revelar a criminalidade", na entrevista ao jornal chinês. Ele afirmou ainda que tem evidências sobre a espionagem e que Washington tem acossado o território na tentativa de fazer o informante ser extraditado.

Os portais e jornais chineses foram inundados com notícias sobre o escândalo, e "as revelações causariam uma mancha na imagem dos EUA no exterior, além de testar as relações sino-estadunidenses em desenvolvimento", de acordo com o jornal China Daily, em matéria desta quinta-feira (13).

"Há meses Washington tem acusado a China de ciberespionagem, mas afinal a maior ameaça para a busca pela liberdade individual e pela privacidade nos EUA é o poder descontrolado do governo", disse Li Haidong, pesquisador de estudos americanos na Universidade da China de Relações Internacionais, ao diário chinês.

De acordo com especialistas na área jurídica consultados pelo britânico The Guardian, Snowden poderia permanecer em Hong Kong por meses ou anos, se escolher contrapor-se a qualquer pedido dos Estados Unidos e requisitar asilo. Os advogados dizem que o informante poderia construir um caso sólido para rejeitar a pressão dos EUA para a sua volta, com base na alegação de que seu crime foi político, mas puseram em questão a possiblidade de sair bem-sucedido.

Com agências

Atualizada às 09h20