Rasul Gudarzi: A política do Irã mudará no governo de Rohani?

A maciça participação do povo iraniano nas eleições presidenciais, de mais de 72% das pessoas aptas a votar, teve dois resultados importantes. O primeiro é que ficou demonstrada a confiança e o apoio dos iranianos ao sistema da República Islâmica do Irã, enquanto o Ocidente se esforçava para que a multidão não comparecesse às urnas. O segundo foi a chegada de Hassan Rohani – uma pessoa de tendência moderada – à presidência da República Islâmica do Irã.

Por Rasul Gudarzi, em Hispan TV

Nenhum país esperava uma presença tão maciça e tampouco pensava que este candidato pudesse atrair a confiança e o voto de seu povo. Não obstante, 50,71% dos votos convrteram Rohani no sétimo presidente do país e isso teve grande eco na comunidade internacional, no Ocidente e especialmente nos Estados Unidos. 

A política do Irã mudará sob a administração de Rohani? O Irã suspenderá suas atividades nucleares? Qual será a reação do Irã diante da nova postura do Ocidente em geral e dos Estados Unidos em particular? Qual será a relação de Rohani com os outros partidos do país?

Os resultados das eleições e a ideia de que este novo presidente tem um pensamento reformista, motivaram reações internacionais. A Casa Branca, mediante uma declaração, expressou sua disposição para relacionar-se com o governo iraniano de forma direta e alcançar uma solução diplomática, que responda de forma completa às preocupações da comunidade internacional sobre o programa nuclear do Irã.

Por sua vez, Catherine Ashton, alta representante da União Europeia para Assuntos Exteriores e Política de Segurança – que também representa o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China mais a Alemanha), nas conversações com o Irã sobre seu programa nuclear pacífico – reiterou seu compromisso com uma rápida solução diplomática neste tema.

Diante desse cenário, Rohani em seu discurso pronunciado por motivo de sua vitória, assegurou que os países que respeitam a democracia, a colaboração e o diálogo livre e justo, podem falar com o povo iraniano com base no respeito aos direitos legítimos desta nação e desse modo poderão esperar uma resposta apropriada.

Disse também que os Estados Unidos devem cumprir os artigos do Acordo da Argélia (1981), demonstrar que não vai intervir nos assuntos internos do Irã, que vai respeitar os direitos legítimos do povo iraniano e que deixará de lado as políticas unilaterais e hegemônicas contra o país persa. Com estas condições e se existe o sentimento de boa vontade, abre-se o caminho necessário para as conversações diretas.

As palavras de Rohani destacaram que qualquwr pessoa, com qualquer tendência que chegue ao poder no Irã, busca, esforça-se para materializar os interesses nacionais do país persa, sendo apenas a maneira de falar e a execução da política do país que distingue um de outro .

Neste caso, Rohani, uma pessoa com tendência moderada, busca materializar os legítimos direitos de seu povo mediante uma interação e o diálogo construtivo com o mundo. Esta firme vontade das autoridades iranianas também se percebe em outros temas, como as atividades nucleares pacíficas do Irã. Neste sentido, o presidente eleito não dará marcha a ré neste campo e afirmou que – tal como em 2005 foi alcançado um acordo final sobre as atividades nucleares do Irã com o então presidente da França, Jacques Chirac, mediante o diálogo – seguirá este mesmo caminho para chegar a uma conclusão a respeito e assim se esforçará para eliminar as sanções contra o Irã.

Política interna

Sobre a situação interna e o gabinete de sua administração, o presidente eleito disse que cumprirá suas promessas eleitorais. Assegurou que seu gabinete incluirá pessoas de diferentes partidos e tendências com a única condição de que sejam capazes de ocupar um cargo. Afirmou que atuará apegado à lei e no marco dos ideais e regras do sistema da República Islâmica; desta forma, Rohani pôs fim às especulações de que ele vai a isolar os principistas e porá em marcha uma reforma e mudança profunda na situação política do país. Igualmente, o líder supremo da Revolução Islâmica do Irã, o aiatolá Seyed Ali Khamenei, o atual presidente Mahmud Ahmadinejad, os candidatos à presidência, diferentes organismos e entidades do país, além de felicitá-lo por sua vitória, manifestaram seu apoio a Rohani, para que possa materializar seus planos e aplainar o terreno para a glória do país.

Qual seria sua estratégia para dinamizar o mercado de trabalho e reduzir os efeitos das sanções?

Tendo em conta sua equipe, formada por especialistas em economia, vê o remédio em orientar o capital dos bancos e do povo para a produção e assim dinamizar a economia e aliviar o mercado de trabalho. O outro ponto destacado é reavivar a indústria turística do país, algo que se materializa mediante a melhoria das relações exteriores com o mundo. Assim se consegue dois objetivos ao mesmo tempo: criar emprego e reduzir os efeitos das sanções.

Conclusão

Em geral, pode-se dizer que a política exterior do Irã continuará a mesma linha anterior, ou seja, priorizar os interesses e direitos legítimos nacionais, com uma só diferença e que será o método desta nova administração: manter uma interação construtiva com o mundo mediante o diálogo e dar passos decisivos na criação de mais confiança e transparência no cenário internacional, algo que marcará uma perspectiva positiva tanto para os países ocidentais como para o próprio país persa.

Tradução da redação do Vermelho