Embaixada da Coreia Popular explica papel dos EUA na região

A Embaixada da República Popular Democrática da Coreia (RPDC, a Coreia do Norte) emitiu uma declaração nesta quarta-feira (19) sobre a influência imperialista dos Estados Unidos na Península Coreana, o seu papel e a sua motivação na escalada das tensões regionais, principalmente evidente na Guerra da Coreia, de 1950 a 1953.

“Há mais de 60 anos, em 25 de junho de 1950, os EUA, instigando o exército da Coreia do Sul [República da Coreia], iniciou a invasão armada total contra a Coreia do Norte [RPDC], a chamada Guerra Coreana (de junho de 1950 a julho de 1953), a mais brutal no tempo posterior à Segunda Guerra Mundial”, introduz a declaração.

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De acordo com o documento, o objetivo estadunidense era a reafirmação da sua estratégia de hegemonia mundial, dada a relevância geopolítica da Península Coreana “como importante ponto militar para o avanço até o continente asiático”.

Como manda a tradição dos EUA, após a Segunda Guerra Mundial o país alocou as suas tropas na Coreia do Sul em setembro de 1945, classificadas de “tropas libertadoras”, apoiando o estabelecimento de um governo pró-estadunidense e firmando a dependência deste com relação aos Estados Unidos em termos econômicos, políticos e militares.

“Sempre reconheci a Coreia como um posto militar avançado de grande importância”, disse o então comandante-general Douglas MacArthur das tropas estadunidenses no Oriente Médio.


   A cantora estadunidense Marilyn Monroe foi levada à Coreia do Sul para entreter os soldados dos EUA enviados para
   a Guerra da Coreia (1950-1953)

Depois da Segunda Guerra Mundial, de acordo com a declaração da Embaixada, “os EUA viram na Coreia o avanço na luta entre o capitalismo e o socialismo e um importante lugar em que o Oriente e o Ocidente enfrentam-se política e militarmente”.

Os EUA, cujo presidente era Harry Truman, “definiu tomar o domínio de toda a Coreia como meta principal, estabeleceu a política para a região e, para praticá-la, valeram-se de métodos políticos e diplomáticos, optando definitivamente pela invasão armada, ou seja, um método bélico”, afirma a declaração.

Além disso, também ressalta a importância da “catastrófica crise económica na que os EUA encontravam-se então”, desde o outono de 1948, aprofundada em 1949, quando a produção industrial havia diminuído em 15% em comparação com o ano anterior, causando efeitos em cadeia e a falência de quase 5.000 companhias apenas no primeiro semestre, com um número de desempregados aumentando exponencialmente.

Guerra serve como recurso econômico

“Os monopolistas exigiram ao governo que preparasse ‘uma nova e grande seringa com que injetar nova vitalidade na economia’, o que empurrou os EUA à militarização da economía, o aumento do armamento e, em geral, ao desencadeamento de uma nova guerra. A revista britânica Economist comentou: ‘os EUA precisaram de uma oportunidade para superar a crise e não pode fazer menos que fabricar uma guerra’”, lembra o documento.

Importante também é a menção à crise política e econônima pela qual passava o governo de Syngman Rhee, da Coreia do Sul, “fabricado pelos Estados Unidos”, afirma. “A crise caracterizava-se pelo cataclisma econômico, a intensificação da luta anti-governamental das massas, a elevação do afã pela reintegração nacional pacífica, o sistema de governo em ruína”, entre outros fatores.

Em maio de 1950, a crise político-econômica da Coreia do Sul chegou ao cume. “Como consequência da política de escravidão colonial e a preparação para a guerra de cinco anos dos EUA, o número das empresas diminuiu na primeira metade do ano de 1949 em 36% em comparação com 1939. Também a economia rural foi arruinada […] e a excessiva emissão de moedas levou ao extremo a inflação”, impulsionando a pobreza extrema, lembra a declaração.

“Por outro lado, a luta das massas pela reunificação independente e pacífica do país cobrou maior força e, como efeito, dos parlamentaress saíram os que reivindicavam negociações com o Norte e outros opositores a Syngman Rhee, aos que se somaram até alguns de direita, o que empurrou o governo de Syngman Rhee a um beco sem saída”, optando pela condução da guerra, adiciona.

Através da Guerra da Coreia, “os EUA conseguiram um importante ponto militar e estratégico” para impor a sua hegemonia sobre o mundo, por um lado, e por outro, salvar o país e seus aliados do abismo, “o que é um fato histórico inegável”, conclui.

Da redação do Vermelho, Moara Crivelente.