Recife vai às ruas com pedido de mudança
Há uma semana os recifenses assistem ao Brasil sair às ruas. O movimento, que começou após o aumento nos preços das passagens de ônibus de São Paulo no dia 1º de junho, já abrange outras cidades e motivações e chega nesta quinta-feira (20) à capital pernambucana. Mais de 90 mil pessoas confirmaram presença na manifestação que começa às 16h na Praça do Derby, Centro da cidade.
Publicado 20/06/2013 12:15 | Editado 04/03/2020 16:56
Mesmo sem saber o poder de articulação da mobilização local, a intenção de parar o Recife já conquistou uma redução nos preços das passagens antes mesmo de acontecer.
Através do evento "À luta, Recife" criado no Facebook, os recifenses foram convidados a sair às ruas neste dia 20. As mobilizações são uma reação em cadeia diante da forte repressão feita pela polícia contra o movimento Passe Livre em São Paulo, mas congrega uma enorme lista de insatisfações dos brasileiros que encontrou apoio na voz da juventude.
Diante da dimensão que as manifestações tomaram nacional e internacionalmente, sete capitais brasileiras anunciaram redução na tarifa de ônibus na terça-feira (18), entre elas o Recife. Após afirmar que os preços só seriam revistos em janeiro de 2014, o Governo do Estado decidiu anunciar a redução de R$ 0,10 em todos os anéis viários da Região Metropolitana do Recife (RMR). A mesma reação dos governos do Rio e São Paulo acaba reduzindo as tarifas de transporte público durante a quarta-feira (19).
O ensaio da mobilização aconteceu já na segunda-feira (17), após a reunião que definiu a pauta de reivindicações local. Um grupo de mais de 500 pessoas seguiu da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) em direção à Avenida Agamenon Magalhães, que chegou a ser interrompida. Com o trânsito parado para a circulação de veículos por alguns minutos, os manifestantes já haviam definido as queixas que queriam apresentar ao governo. Veja algumas demandas locais elaboradas pelo movimento.
» Passe Livre para estudantes e desempregados
» Melhores condições de trabalho para rodoviários
» Melhoria da qualidade do serviço de transporte
» Expansão do metrô para a Zona Norte do Recife
» Implementação de ciclofaixas e ciclovias
» Meia passagem intermunicipal para estudantes
Ainda na terça-feira, em entrevista à Rádio Jornal, o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, disse que espera que a mobilização seja realizada de forma pacífica e sem depredação. "A gente apela às entidades que participam disso que não deixem que pessoas se infiltrem no movimento para criar atos de vandalismo", declarou Damásio, que disse que a polícia agirá caso haja excessos por parte dos manifestantes.
Diretamente envolvidos com os problemas do transporte público, os rodoviários do Grande Recife anunciaram a paralização do serviço a partir das 16h. Os trabalhadores comparecerão à Praça do Derby, onde devem permanecer de braços cruzados por três horas em solidariedade à causa. Diante da dificuldade de transporte na cidade e dos transtornos que serão causados pela ocupação das ruas, várias escolas, universidades, empresas e instituições públicas irão suspender atividades na tarde desta quinta.
ROTAS – De forma independente da organização do evento, alguns grupos se organizam para definir pontos de concentração em direção ao Derby para, de lá, se unir à manifestação. Entre as rotas alternativas estão o cruzamento da Rui Barbosa com a Rua Amélia, na Zona Norte; os centros da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Zona Oeste e na Peixaria de Candeias, em Jaboatão.
MOVIMENTO NACIONAL – À frente dessas mobilizações está o Movimento Passe Livre de São Paulo, que se apresenta como uma articulação apartidária e desvinculada de qualquer instituição. Sua principal reivindicação é a "tarifa zero", um projeto criado no início dos anos 90 que defende a gratuidade do transporte público. De acordo com a proposta, o sistema seria mantido com o aumento progressivo e proporcional à renda do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Fonte: Site NE10