Economia mundial é instável e crise não é conjuntural 

A situação econômica mundial está surpreendendo a todos porque é algo mais que uma crise conjuntural de curto prazo e este período se caracteriza pela insegurança, instabilidade e imprevisibilidade. 

O economista, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento e atual secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, não poupou palavras para alertar os governos e países da região para uma situação econômica internacional que pintou em tons cinza-escuro e considerou que é muito perigosa para as metas de desenvolvimento.

Em um discurso acompanhado com muita atenção por ministros da Economia e diplomatas em uma reunião prévia à 23ª Cúpula Ibero-americana que se realizará no Panamá em 18 e 19 de outubro deste ano, Iglesias afirmou que todos os esforços atuais de recuperação levam pontos de interrogação.

Os Estados Unidos registram algum crescimento econômico, mas continuam com grandes problemas como seu enorme endividamento, o que obriga a levantar a questão sobre o que vai ocorrer com sua economia e a mundial.

A Europa, em particular os países da zona do euro, continua em recessão e em especial na Península Ibérica, que impôs fortes medidas de ajuste com custos sociais muito altos, enquanto o tema do desemprego permanece um desafio, sem uma saída harmonizada.

Iglesias estima que para a Europa o crescimento é esquivo, de maneira que ali há elementos de preocupação e é isto o que dizem todos os dias os ministros da Economia.

O Japão enfrenta o estancamento mas com políticas similares às dos Estados Unidos, com altos e baixos, e a China preocupa pois os ajustes que propõe estão enterrando fatores que impulsionaram seu crescimento, o qual vem caindo nos últimos tempos.

Esse panorama teve impacto nos preços de certas matérias primas e se nota que a dinâmica econômica chinesa está afetando o potencial impulso que Pequim deu ao comércio na última década.

Assim, esses aspectos da economia mundial geram inquietações que de alguma forma afetarão o crescimento da América Latina nos próximos anos, e isto já está ocorrendo, pois as taxas de crescimento caíram alguns pontos, de acordo com os dados disponíveis.

Iglesias propõe preparar-se para o que possa ocorrer no comércio mundial sobre o qual paira de novo o fantasma do protecionismo.

"Estamos entrando em um período em que a pergunta é se os grandes objetivos que temos alimentado como o livre comércio se mantêm ou se devemos entrar em uma época mais difícil, em que começará a aparecer algum tipo de protecionismo e essa é uma pergunta que para a América Latina é muito importante", assinalou.

O secretário ibero-americano afirma que terminou o período dos últimos 30 anos em que tudo era previsível e agora é preciso abrir-se à surpresa e à instabilidade no mundo e potenciar o papel das políticas internas.

Ele advertiu para que a desaceleração do comércio será seguida por uma alta das taxas de juros porque é impossível que se mantenham nos níveis atuais.

Para a Secretaria Geral Ibero-americana, a criação da Comunidade Econômica Latino-americana e do Caribe é um fato muito importante, assim como a Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América, porque permitem uma região unida, ao tempo em que pede que sejam fortalecidas.

Prensa Latina