Jô Moraes depõe na Comissão da Verdade na Paraíba
A deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) depôs, nesta sexta-feira (28), João Pessoa, na Paraíba, na Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória sobre as perseguições sofridas no período da ditadura militar. O depoimento aconteceu na sede da OAB/PB, no Centro da capital paraibana.
Publicado 28/06/2013 15:57
No período da ditadura militar, Jô Moraes foi presa duas vezes. A primeira, no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), juntamente com 800 jovens que tentaram realizar o evento na clandestinidade. A segunda, na portaria de uma fábrica têxtil, em 1969, no Estado de Pernambuco, quando distribuía panfletos contra o AI-5 (Ato Institucional nº5, de 1968) que cerceava ainda mais a liberdade política no País.
“A deputada federal Jô Moraes precisou mudar de nome para viver na clandestinidade no período da ditadura militar. Hoje ela é presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência Contra a Mulher e uma figura de renome internacional muito conhecida no mundo político”, destaca Waldir Porfírio, um dos sete integrantes da Comissão da Verdade.
No livro de sua autoria, “Uma história para Érica: fragmentos da vida sob a ditadura militar”, Jô Moraes, revela alguns de seus pseudônimos na clandestinidade: Maria do Socorro, Ana, Socorro Fragoso, Luiza e Josydeméia. Posteriormente sua identidade foi descoberta e Jô Moraes foi condenada à revelia pela Justiça Militar, tendo vivido, durante dez anos, na clandestinidade.
Os depoimentos colhidos na audiência pública de João Pessoa, assim como nos demais locais do País, serão gravados e se tornarão documentos que vão ser encaminhados para a Comissão Nacional da Verdade e para comissões estaduais, criando uma rede de preservação da memória. As oitivas serão abertas ao público e só se tornarão sigilosas se algum depoente assim o solicitar.
Natural de Cabedelo, cidade portuária da Paraíba, a deputada Jô Moraes iniciou sua militância política no movimento estudantil secundarista. Posteriormente integrou-se à organização revolucionária Ação Popular (AP). Foi presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal Paraíba e diretora da União Estadual dos Estudantes (UEE), quando foi cassada pelo Decreto 477/69 que proibia as lideranças de continuarem seus estudos acadêmicos durante alguns anos.
Na Paraíba, Jô Moraes também participou, junto com os membros da Comissão da Verdade, de homenagem póstuma a seu ex-noivo, João Roberto Borges, na cidade de Campina Grande, cerca de 122 quilômetros de João Pessoa. O então estudante da UFPB foi morto de forma misteriosa no final dos anos 1960 e agora dará nome ao auditório da Universidade Federal de Campina Grande. O nome de Roberto Borges irá substituir o de Guilhardo Martins, à época reitor da instituição e que ajudou a cassar centenas de estudantes e mais de 40 professores daquela universidade, segundo informações do Governo da Paraíba.
Da Redação em Brasília
Fonte: Ass. Dep. Jô Moraes