Governo interino do Mali realizará eleições após acordo interno

O ministro de Relações Exteriores do governo interino do Mali, Tieman Hubert Coulibaly declarou que as eleições presidenciais previstas para 28 de julho serão realizadas. “Estamos técnica e materialmente prontos”, disse o chanceler, nesta quinta-feira (4); “não há razão para mudar a data”, completou. No mês passado, o governo interino e grupos envolvidos em um conflito armado desde 2012 assinaram um cessar-fogo que prevê soluções políticas.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho

Mali eleições

Coulibaly informou sobre a preparação das eleições e a situação das pessoas deslocadas forçadamente assim como a dos refugiados do Mali, país que tem gerido um conflito e uma crise política violenta desde janeiro de 2012, intensificada a partir da intervenção militar unilateral da França, em janeiro deste ano.

O governo do Mali foi derrubado em março de 2012, em meio a combates entre forças oficiais, grupos insurgentes islamistas e outros, como o separatista Movimento Nacional pela Libertação do Azawad (região do norte do país, onde habita o povo tuaregue), que tomou o controle da região no mês seguinte e se retirou do conflito armado.

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Um novo governo interino foi liderado pelo autodenominado Comitê Nacional pela Restauração da Democracia e do Estado, que havia derrubado o presidente Amadou Toumani Touré (acusado de ser incapaz de restaurar a segurança e acabar com o conflito no país) e pedido a intervenção estrangeira, mas a situação de violência intensificou-se.

Depois de meses do lançamento da Operação militar francesa Serval (sem o aval direto do Conselho de Segurança da ONU, que previa uma medida elaborada para o futuro) e da transferência da liderança da intervenção a tropas da União Africana e organizações regionais, um acordo de cessar-fogo foi assinado com os movimentos insurgentes no país, em junho de 2013, após meses de combates.

Política e eleições

Um analista da política do Mali disse que “a declaração [de Coulibaly] ajudará a terminar com as dúvidas sobre a possibilidade de adiar as eleições”.

A data de 28 de julho para a realização das eleições foi escolhida pelo próprio governo interino, de acordo com o chanceler maliano, “e qualquer mudança deve ser feita pelo governo, e não por qualquer outra instituição, já que outras instituições estão apenas apoiando o processo”.

Estas organizações que apoiam o processo eleitoral incluem a Delegação Geral das Eleições e a Comissão Nacional Independente da Eleição, envolvidas na organização do processo eleitoral.

“Apenas a questão da segurança pode ser um obstáculo para a realização das eleições em todo o território nacional, mas com a assinatura do acordo preliminar, em 18 de junho, entre o governo e os rebeldes tuaregues, não haverá obstáculo neste sentido”, afirmou o chanceler.

De acordo com Coulibaly, mais de 4.000 refugiados malineses registraram-se para a votação no Níger e 3.500 em Burkina Faso. O registro de refugiados malineses na Mauritânia está em andamento, informou.

“Esses refugiados participação nas eleições presidenciais de 28 de julho”, informou o Ministério da Descentralização e Administração Territorial.

A expectativa é a solução da crise política que o Mali atravessa desde 2012. Com a intervenção da antiga potência colonial, a França, e de outros países africanos, o Exército do Mali combateu os grupos armados e tomou o controle de grande parte do norte do país.

Com um acordo assinado recentemente entre o governo e os tuaregues, a cidade de Kidal, ao norte, a última ainda mantida sob o controle do grupo, será retornada ao governo de Bamako, que se diz otimista sobre realização das eleições apesar de menções esparsas sobre um possível adiamento.