Brasil e Rússia: A espionagem estadunidense focou no Brics

Membros do grupo Brics (Brasil, Rússia, Ínida, China e África do Sul) estão no topo da lista de países escolhidos para consideração especial pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), com seu programa intensivo de espionagem Prism, que coleta dados de bilhões de registros telefônicos e virtuais pelo mundo, de acordo com um artigo do portal da Russia Today, publicado nesta segunda-feira (8).

O portal cita um artigo publicado neste final de semana pela mídia brasileira, com a observação de que o “Brasil parece se ressaltar nos mapas da agência estadunidense como um alvo prioritário por tráfico telefônico e de dados, junto com países como a China, a Rússia”, e outros.

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Brasil, Rússia e China são três membros proeminentes da associação internacional denominada Brics, junto com a Índia e a África do Sul.

O chanceler brasileiro Antônio Patriota expressou “grave preocupação” pelo fato de as comunicações telefônicas e eletrônicas dos brasileiros estarem sendo coletadas pela comunidade de inteligência dos EUA.

O relatório não especifica quanto do tráfico é monitorado pela NSA, mas enfatiza que nas Américas, o Brasil fica atrás apenas dos EUA no número de comunicações interceptadas pela agência de espionagem.

O ministro Patriota disse que o Brasil pedirá que a Organização das Nações Unidas sejam tomadas medidas “para impedir abusos e proteger a privacidade” dos usuários de internet, com leis aos governos “que garantam segurança cibernética que protejam os direitos dos cidadãos e preservem a soberania de todos os países”.

Vivendo no Brasil, o jornalista estadunidense e analista político Glenn Greenwald, que publicou pela primeira vez a denúncia do ex-agente da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), Edward Snowden, sobre o programa de espionagem Prism, disse que “há muitas outras populações de países não-adversários [dos EUA] que foram sujeitos ao mesmo tipo de vigilância massiva da NSA; de fato, a lista daqueles que não foram é menor do que a dos que foram”.

A Rússia no radar da NSA

Que a Rússia foi o primeiro alvo da vigilância da NSA ficou evidente quando o contratado da agência transformado em informante, Snowden, expôs os detalhes de uma operação de vigilância massiva de “escavação de dados”, conhecida como Prism, que coleta detalhes de milhares de comunicações telefônicas e eletrônicas e de e-mails, tanto no país quando no exterior.

Embora a extensão completa das atividades de espionagem da NSA dirigidas à Rússia não seja precisa numericamente, sabe-se que os tentáculos da operação global de “escavação de dados” alcançaram os mais altos níveis do governo russo, até mesmo afetando as comunicações mais classificadas do antigo presidente russo Dmitri Medvedev, durante a sua visita à Grã Bretanha, para a cimeira do G20 em Londres.

Medvedev chegou à cidade no dia 1º de abril. No mesmo dia, a NSA interceptou as comunicações da sua delegação, de acordo com o relatório da agência intitulado “As comunicações da liderança russa em apoio ao presidente Dmitry Medvedev, na cimeira do G20 em Londres – intercepção na estação Menwith Hill."

Os detalhes da intercepção foram alegadamente compartilhadas com oficiais britânicos, australianos, canadenses e neozelandeses.

A intercepção da NSA às comunicações do líder russo no G20 aconteceu logo após o primeiro encontro entre Medvedev e o president estadunidense Barack Obama, e em meio ao tão falado “recomeço” entre os antigos inimigos da Guerra Fria.

Durante o seu encontro, os dois discutiram uma quantidade abrangente de questões espinhosas, inclusive a crise financeira, o desarmamento nuclear e a decisão controversa de Washington de construir um escudo de defesa na Europa do leste.

Agora, a Rússia encontra-se na posição de desempenhar o papel de anfitrião ao indivíduo responsável pelo que muitos acreditam ter sido o vazamento mais prejudicial da inteligência estadunidense, de todos os tempos.

No mês passado, Snowden embarcou em um avião dos Estados Unidos para Hong Kong, com uma montanha de documentos sensíveis dos EUA, que ele publicou quando estava a salvo dentro do território chinês. Em 23 de junho, o informante norte-americano embarcou em um avião para Moscou, onde ficou na zona de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo Airport’s desde então.

A julgar pelas declarações de Moscou, entretanto, parece que o senhor Snowden arrisca abusar da estadia, ou potencialmente pior. Enquanto a Venezuela tornou-se o terceiro país sul-americano a oferecer asilo politico, até colocando um prazo até segunda-feira antes que a sua oferta expire, um político de alto escalão da Rússia sugeriu veementemente que Snowden considere a oferta.

Alexei Pushkov, que chefia o comitê de Relações Exteriores do parlamento russo, postou uma mensagem na rede social Twitter dizendo: “A Venezuela está esperando uma resposta de Snowden. Isto, talvez, seja a sua última chance de receber asilo político”.

As autoridades venezuelanas dizem que não tiveram notícias de Snowden desde que o país ofereceu asilo ao informante da NSA, mas que esperaria até segunda-feira pela resposta.

“Não houve qualquer forma de comunicação”, disse o chanceler venezuelano Elias Jaua, na televisão estatal. “Estamos esperando até segunda para saber se ele confirma seu desejo de receber asilo da Venezuela”.

Com Russia Today