MPL destaca vitória ao levar debate sobre transporte ao Congresso

O representante do Movimento Passe Livre (MPL) Lucas Monteiro de Oliveira afirmou há pouco, no Plenário da Câmara, que uma das principais vitórias das manifestações que tomaram as ruas nos últimos dias foi trazer a discussão sobre o transporte para onde ela deve realmente estar: no Congresso.

Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

 “Agora em 2013, essa foi a principal vitória que conseguimos, depois de muito trabalho e mobilização”, disse, durante comissão geral que debate a política de transporte público no Brasil.

Recordando que a luta por melhorias no transporte coletivo não é de agora e vem desde 2003, quando ocorreu a primeira grande revolta em Florianópolis, ele disse que a questão central a ser debatida não é técnica, com foco apenas na redução das tarifas, mas sim sobre o modelo de transporte que se deseja para as cidades.

“Os movimentos conseguiram revogar o aumento das tarifas em mais de 100 cidades em junho. Isso é a força da população, interferindo diretamente na gestão da política do transporte”, afirmou Monteiro. “Mas o que precisamos discutir é em que cidade nós queremos viver, que cidade nós queremos construir”, completou ele, destacando a necessidade de se pensar o transporte com políticas públicas que permitam às pessoas participar das decisões e ter livre acesso às riquezas produzidas nas cidades.

Tarifa zero

Para Monteiro, a cobrança de tarifa é uma forma de exclusão de uma parcela da sociedade que não tem oportunidade de circular e de ter acesso a outros direitos sociais por não ter recursos financeiros. “Isso daria um total de 36 milhões de pessoas”, disse. Segundo ele, esse problema não deve ser encarado somente sob a ótica do financiamento, de como pagar isso. “Aqui é uma questão de garantir a mobilidade das pessoas e o acesso a todos os seus direitos, e não simplesmente como essa conta será paga”, completou.

O represente do MPL também criticou o fato de a maior parte dos recursos ser investida no transporte privado. “Atualmente, a politica de desoneração não resolve o problema da mobilidade urbana. Não é desonerando uma parte do setor privado que você vai permitir que as pessoas circulem pela cidade”, disse Monteiro, que defendeu a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 90/11, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que reconhece o transporte público como direito social.

Também representante do MPL, Marcelo Pomar concorda que o governo errou ao desonerar o setor automobilístico, contribuindo para o aumento de engarrafamentos e o caos no sistema viário. “A cada R$ 1 investido no setor público, R$ 12 são investidos no particular”, disse Pomar, que defende o fim do regime de concessão no transporte coletivo. “O Poder Público deve assumir sua responsabilidade de gerir o transporte coletivo. Além disso, o segundo passo é subsidiar o transporte, tratando-o como serviço público essencial, bancado por fundos específicos que seriam alimentados por cobranças feitas dos setores que se utilizam da força de trabalho originada por quem usa o transporte público.”

O debate prossegue no Plenário.

Fonte: Agência Câmara