Governo interino egípcio propõe reconciliação em meio à violência

A promotoria do Egito ordenou, nesta quarta-feira (10), a detenção de líderes da Irmandade Muçulmana, sob a acusação de instigar à violência registrada nesta segunda (8), em frente à sede da Guarda Republicana, onde fontes indicam terem morrido de 55 a 84 pessoas, durante as demonstrações de apoio ao presidente destituído Mohamed Mursi. O presidente interino, Adli Mansur, emitiu uma mensagem ao povo egípcio em que pedia a reconciliação nacional no mês sagrado para o Islã, o Ramadã.

Manifestação pró-Mursi - HispanTV

Mansur também instou as partes envolvidas no conflito político a participar em uma reunião conjunta a ser celebrada por ocasião da primeira semana do Ramadã, para estudar a possibilidade de um acordo de reconciliação nacional, em prol da segurança no país.

Por outro lado, a Irmandade Muçulmana, grupo partidário do presidente destituído pelo Exército, na semana passada, rechaçou qualquer mudança política no país que não conte com Mursi como o “mandatário legítimo”, eleito pelo povo.

Após a medida do Exército, os protestos dos partidários de Mursi se intensificaram, e a violência entre as forças de segurança, os manifestantes e os opositores de Mursi resultou, de acordo com o Sindicato dos Médicos do Egito, mais de 80 pessoas mortas apenas nesta segunda (8), na capital, Cairo.

Segundo a mesma fonte, as vítimas eram simpatizantes do presidente Mursi, e manifestavam-se para reiterar o rechaço ao que consideram um “golpe de Estado militar” contra o mandatário eleito há um ano, depois de um período transitório que seguiu a derrubada do regime ditatorial de Hosni Mubarak.

Ante os contínuos protestos de partidários de Mursi, o novo primeiro-ministro egípcio, Hazem al-Beblawi, disse nesta terça (9) estar disposto a oferecer cargos ministeriais no novo governo aos membros da Irmandade Muçulmana, através do seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça (PLJ).

Entretanto, os membros da Irmandade afirmaram o seu rechaço à proposta e o decreto aprovado na segunda, em que outorga competências ao presidente interino para ratificar leis por decreto e que estabelece um período para a celebração das eleições parlamentares e presidenciais após a aprovação das emendas constitucionais.

Segundo o PLJ, o decreto é rechaçado porque o partido considera que Mansur “usurpou o poder Legislativo” e que é um ato “próprio de uma pessoa designada pelos golpistas”.

Ante o gesto de reconciliação de Al-Beblawi, a Irmandade Muçulmana reiterou que seu grupo não aceitará cargos ministeriais em qualquer governo até que se incorpore como mandatário o presidente destituído, Mohamed Mursi.

Com HispanTV