Transexuais conseguem espaço na sociedade

Durante alguns anos, quando o estudante Marcelo Caetano, 23 anos, estava na faculdade ou passeando no shopping, preferia se segurar para ir ao banheiro em casa.

Quando precisava de uma roupa nova, ia até a loja e adquiria o produto sem experimentar. Preferia fazer o teste em casa a usar os trocadores nos estabelecimentos comerciais. Se a nova compra não caísse bem, voltava à loja e trocava. Atualmente, está tendo dificuldades em assinar um contrato de estágio: como atuará em dois órgãos do governo, vai precisar de dois crachás com o nome, direito que talvez não seja garantido porque Marcelo, como exige ser chamado, não é o nome que consta no registro de nascimento. “Se eu não conseguir esse crachá, não vou assinar”, afirma.

Problemas com esses hábitos simples fazem parte da rotina dos transexuais, especialmente quem ainda não concluiu a chamada “passagem”, que é quando o tratamento hormonal está começando e a aparência deixa dúvidas sobre o gênero da pessoa. É comum evitar banheiros públicos, por medo de comportamentos hostis de ambos os sexos. Quem ainda não conseguiu mudar o nome de registro para o social sofre diariamente em bancos, cartórios, entrevistas de emprego e até no trabalho.