Chanceler português emite "palavra de reparação" a Morales

O chanceler português, Paulo Portas, admitiu na quinta-feira (18) que o presidente boliviano, Evo Morales, "pode ter razões de queixa" no incidente que levou o seu avião a ficar retido 13 horas em Viena, Áustria, depois de Portugal e outros países europeus terem negado autorização de aterrissagem.

Em comunicado enviado à Agência Lusa pelo porta-voz do ministro, Miguel Guedes, não é utilizada a expressão "pedido de desculpas", somente que Portas deixou "palavra de reparação" em nome do governo português.

A "palavra de reparação" aparece como uma contribuição "de Portugal para superar a tensão entre os países do Mercosul e os países da UE", depois de Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela — que integram o Mercosul — terem apresentado “firme repúdio” contra Portugal, Espanha, França e Itália, os quatro países que impediram Morales de sobrevoar seu espaço aéreo.

Portas teria se “reunido demoradamente com os embaixadores do Mercosul na segunda-feira”, de acordo com a assinada por Miguel Guedes e, após esse encontro, o ministro “tomou a iniciativa de falar com o colega boliviano, na passada terça-feira, oferecendo uma ‘palavra de reparação’ por parte do governo português”.

Portugal foi o único país a revogar a autorização de voo, alegadamente por “razões técnicas”, enquanto os restantes encerraram o espaço aéreo. Foi um tratamento “infundado, discriminatório e arbitrário” e uma “prática neocolonial”, acusaram os cinco países sul-americanos.

“A singularidade da posição portuguesa”, explica o comunicado, ocorreu porque Portugal “sempre autorizou o sobrevoo do seu território, informou antecipadamente as autoridades bolivianas das decisões e não exigiu quaisquer garantias sobre a composição da comitiva do Presidente Morales”.

Fonte: Opera Mundi