Marcha das Vadias ocupa ruas de Copacabana neste sábado

Acontece neste sábado (27), a 3ª edição da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro. A marcha será na avenida Atlântica e seguirá do Posto 5 até o Posto 2, em Copacabana. Ao final, haverá uma festa e shows na Rua Prado Júnior. O evento está marcado há pelo menos dois meses e faz parte da agenda de luta das feministas, que vêm realizando atos no país com o tema "Quebre o silêncio", para incentivar mulheres a denunciar os crimes de violência doméstica para ganhem visibilidade e devida punição.


Cartaz de divulgação da Marcha das Vadias / foto: divulgação

No Rio de Janeiro, a Marcha das Vadias ocorre desde 2011 e reúne milhares de pessoas na orla de Copacabana. O objetivo é combater a violência contra as mulheres e os casos de abuso e estupro que têm aumentado no país.

Além do combate à violência contra a mulher e à culpabilização da vítima, a edição deste ano também fará a defesa do Estado laico diante do avanço do projeto de lei que institui o Estatuto do Nascituro. A data foi escolhida justamente para contrapor a presença do papa no país, que representa uma das instituições mais conservadoras e que é contrária ao aborto: a Igreja Católica.

As feministas ocupam as ruas de Copacabana para expressar a urgência de construir coletivamente uma sociedade que não mais aceite ou promova a violência sexual e a violência de gênero. "Essas violências, que têm as mulheres como principal alvo, estão fundamentadas no machismo, no racismo, na diferença de classes sociais, na homofobia, lesbofobia e transfobia, ou seja, na hierarquia que põe ‘homens cis[1] brancos heterossexuais de classe média ou alta’ no topo da sociedade, e todas as demais categorias abaixo desta numa escala de submissão socialmente cruel: pobres, mulheres, prostitutas, lésbicas, negras e negros, indígenas, homens gays, travestis, entre outras. Isso representa um obstáculo para a garantia de liberdade e de autonomia dos nossos corpos."

Segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, em 2012 houve um aumento de 23% nos casos de estupro registrados em delegacias do estado. Foram cerca de 16 casos por dia, contra 13 ocorrências diárias em 2011.

"No dia da Marcha das Vadias, como no resto do ano, nós nos apropriamos do nome VADIA para gritar ao mundo que cabe a nós, e a mais ninguém, a decisão do que fazer com os nossos corpos, e que cabe a todas as pessoas RESPEITAR as decisões das outras.Porque se para exercermos e lutarmos por mais espaços de liberdade teremos que ser chamadas de vadias, somos TODAS VADIAS. Assim, frisamos alguns pontos que consideramos de maior urgência", diz um trecho do manifesto da Marcha das Vadias do Rio deste ano, que faz integra o chamado para o ato, na rede social. Até o fechamento da matéria, cerca de 6 mil pessoas confirmaram presença.

Marcha em Vitória


Marcha das Vadias em Vitória / foto: site da UBM

No sábado (20), a União Brasileira de Mulheres – seção Espírito Santo (UBM-ES) participou da Marcha das Vadias – que teve a concentração às 14 horas em frente ao prédio da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Milhares de pessoas protestaram em favor dos direitos das mulheres, contra o Estatuto do Nascituro e, entre outros, contra o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).

Com cartazes e faixas da UBM, as ativistas da entidade iniciaram, por volta das 17 horas, a Marcha das Mulheres e Homens Conscientes no propósito de transformar a realidade construindo uma sociedade sem violência. “Marchando pelas ruas centrais da capital as vozes de todos e todas formavam um forte coro que ecoou por dentro de muitos bares e apartamentos com as palavras de ordem: "A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria!”; "Te cuida, te cuida seu machista, América Latina vai ser toda feminista!"; “Cadê o homem que engravidou? Por que o crime é da mulher que abortou?", "Não sou modelo de passarela, a minha vida não é novela”, “A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer", entre outras”, relembrou a coordenadora estadual UBM, Vanda Gasparini.

“Foi neste ritmo, ao som das vozes, de batuques e apitos, que chamou bastante atenção. Havia muitas faixas e cartazes em defesa da vida das mulheres, pela liberdade do corpo, pelo direito de abortar e com mensagens contrários ao Estatuto do Nascituro, o deputado Marco Feliciano, a homofobia e racismo e outros. A marcha foi várias vezes saudadas por mulheres nos ponto de ônibus e nas janelas dos apartamentos”, comentou Vanda Gasparini.

Diversas organizações de mulheres participam e apoiam da Marcha das Vadias como a UBM, Marcha Mundial das Mulheres, Católicas pelo Direito de Decidir, entre outras.

A Marcha das Vadias teve inicio no Canadá em resposta a conduta machista de um policial. Este declarou que as mulheres eram vítimas de ataques sexuais, pois se “vestiam como vagabundas”. A partir do fato, inúmeras manifestações surgiram em todo o mundo. No Brasil, a cidade de São Paulo foi a primeira capital brasileira a organizar a Marcha, seguidas das cidades do Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Brasília, Salvador e outras.

Da redação com Marcha das Vadias RJ